segunda-feira, novembro 06, 2006

Algumas perguntas sobre corrico...

Deixo aqui algumas perguntas que me costumam fazer sobre esta técnica de pesca tão fabulosa como é o corrico.

Como escolher um pesqueiro para corricar?
A escolha do pesqueiro depende de um conjunto de determinados factores que quando se conjugam podem permitir algumas pescas de grande sucesso. Temos assim que perceber que o robalo é um predador portanto irá estar onde estiver o alimento. Logo um dos locais mais procurados por ele são as saídas de rios ou lagoas que permitem que a comedia entre mar dentro. Também as coroas são locais onde abunda o alimento e onde por consequência estão os nossos robalos. Uma correcta observação do mar para entender o movimento das areias e perceber se as coroas são novas (situação ideal) ou não pode render bons resultados. Outros dos locais onde os podemos procurar com sucesso são os caneiros, ou seja, passagens em zonas de rochas onde os robalos caçam e esperam pela comida que lhes é trazida pela corrente. A aposta deve ser feita nestas zonas mesmo sabendo que podemos perder algum material pois os resultados irão certamente compensar em algumas ocasiões. Depois de muitas horas a percorrer o nosso litoral na busca dos robalos irão começar a perceber que existem zonas tradicionais que geralmente contam com a presença dos robalos e será a prática a permitir intuir quando eles lá estão.

Quais as melhores horas para lançar as nossas amostras?
Se perguntarmos a um pescador de corrico quais as melhores horas para corricar a resposta irá certamente no sentido de que os melhores momentos ocorrem ao nascer e por do sol. Qual a razão para isso? A resposta é simples. Os robalos aproveitam essas alturas para caçar tirando partido da menor luz existente, mesmo sabendo que nesses momentos perdem cerca de 75% da sua visão. A sua vantagem é que os outros peixes também perdem capacidade visual e ficam mais vulneráveis. É isso também que os leva a ficar menos desconfiados em relação às nossas amostras, pois perante a incapacidade de conseguirem ver com nitidez aquilo que se passeia à sua frente geralmente optam por as atacar. A verdade é que já apanhamos robalos quase a todas as horas e isso leva-nos a dizer que não existem regras definidas. Mais uma vez a experiência faz o pescador e a diferença faz-se pela sua capacidade de conseguir entender o mar e os peixes e antever a que horas ele estará mais disponível. A única verdade que temos aprendido ao longo de todos estes anos a corricar é que quem não vai à pesca não apanha peixe e as melhores horas são geralmente aquelas menos procuradas pela maior parte dos pescadores. Os melhores corricadores são sempre os mais persistentes e dedicados. Aqueles que podem passar uma noite toda a fazer lançamentos para numa meia hora final fazerem a sua pesca mesmo depois de todos os outros terem desistido.

Que cana e carreto?
Aqui a resposta é simples: a cana e o carreto dependem da disponibilidade financeira de cada um. É certo que existem melhores equipamentos que outros mas a diferença está 99% das vezes no pescador e não no material. As canas devem ser leves, entre os 3.90 e os 4.5 m, com capacidade para lançar até 120 g. Aconselhamos os 4.20 m pois é o comprimento mais equilibrado e que irá, na maioria dos casos, ao encontro das necessidades dos nossos pescadores.
Existem muitas e boas canas no nosso mercado destinadas ao corrico e buldo que permitem uma escolha adequada a todas as bolsas. Com cerca de 120 € é hoje possível comprar equipamento de grande qualidade e excelentes desempenho.
Os carretos devem ser resistentes pois serão sujeitos a um desgaste enorme devido às recuperações constantes e a regra é de que não comprometam o desempenho da cana. Existe actualmente uma grande tendência para utilizar no corrico os carretos de surfcasting, em muitos casos demasiados pesados para o corrico. Continuamos a pensar que os carretos ideais não têm de ser necessariamente muito grandes, basta que tenham capacidade para armazenar cerca de 250 m de 0.30 e fundamentalmente que tenham uma boa embraiagem.

Que amostras e quais as melhores cores?
Mais uma vez, para dar resposta a esta pergunta temos de dizer que não existem regras definidas à priori. No fundo são melhores aquelas que permitem apanhar peixe! E isso varia de dia para dia e de pesqueiro para pesqueiro. A amostra que tantos robalos permitiu apanhar hoje pode amanhã perder toda a sua eficácia. Todavia existem alguns princípios que podemos definir. As amostras mais utilizadas em Portugal neste tipo de pesca são sem qualquer dúvida as de borracha flexível que têm por função imitar um pequeno peixe ou enguia. Estão nessa categoria as Raglou, Red Gill ou Eddystone e os tradicionais pingalins ou mangueiras. Quanto aos tamanhos temos por experiência que amostras maiores produzem resultados também maiores. Geralmente nunca pescamos abaixo dos Raglou 8.5 sendo que a medida mais utilizada neste tipo de amostras é o 10.5 e nos pingalins gostamos de usar os maiores, com 12.5 cm.
No que diz respeito às cores de amostras a utilizar podemos dizer que elas dependem fundamentalmente de dois factores. Da existência ou não de luz e da própria cor das águas em que pescamos. Assim, podemos dizer como princípio geral que para águas claras e dias abertos devemos usar também amostras de cores claras, como é o caso das verdes ou azuis. Para condições de pouca luz ou águas tapadas devemos usar amostras de cores mais fortes ou opacas. Geralmente usamos de noite o preto e os resultados não tem sido maus, só para dar um exemplo.

Qual o fio: mono ou multifilamento?
A tendência de cada vez um maior número de pescadores nesta modalidade é para a utilização dos multifilamentos que possuem algumas vantagens em relação aos tradicionais nylons. Desde logo, a sua grande resistência que permite a utilização de diâmetros muito reduzidos o que tem consequências evidentes ao nível do lançamento, conseguindo-se atingir distâncias mais longas. É comum usar-se diâmetros entre os 0.06 e os 0.10 sem qualquer problema de ruptura. A utilização destas linhas pressupõe alguma habituação ou treino como lhe queiram chamar e exige um determinado cuidado do pescador, especialmente durante a recuperação, para evitar os enleios. Quem pesca com multifilamento acaba por utilizar um “chicote” ou seja um terminal em nylon que tem por função absorver a energia das investidas das nossas presas, contrariando o efeito de quase nula elasticidade dos multifilamentos e também evitar rupturas pelo roçar nas pedras.
Os monofilamentos continuam a ser os mais procurados para este tipo de pesca e aconselhamos que equipem os vossos carretos com 0.35 se pescarem na areia ou 0.40 se pescarem na pedra.

Que diâmetro utilizar nos estralhos e qual o comprimento ideal?
Quanto ao diâmetro dos estralhos existe uma regra simples. Quanto mais fina for a linha melhor trabalha a amostra mas o risco de enleios e rupturas aumenta na mesma proporção. Dessa forma, temos de encontrar diâmetros equilibrados que permitam trabalhar o peixe com alguma segurança sem prejudicar o trabalho da amostra. Temos vindo a utilizar para praias essencialmente de areia estralhos entre o 0.28 e o 0.35, jogando depois com a embraiagem perante os peixes maiores. Para zonas de caneiros e rochas temos optado por estralhos na casa dos 0.40 e em alguns casos extremos 0.45. Quanto ao comprimento pensamos que quanto maior melhor pois isso sempre melhorar o comportamento da nossa amostra tornando-a mais natural. O problema é que temos de compatibilizar esse comprimento com o da cana que utilizamos, ou seja, se estamos a pescar com uma cana de 3.90 m torna-se complicado pescar com estralhos de 5 m, especialmente se estamos dentro de água ou nas pedras. É por isso que em algumas situações optamos por canas de 4.5 m que permitem lançar bem estralhos grandes. Como tal a regra será a de utilizar os estralhos à medida da cana. Existem por vezes situações em que podemos ir encurtando o tamanho dos estralhos se verificarmos que não temos toques com os mais compridos. Como sempre no corrico, é uma questão de irmos experimentando até acertar.

Chumbada ou bóia de água?
O princípio aqui é utilizar as bóias de água durante os meses mais quentes e as chumbadas durante o Inverno. Esta é a regra base podemos assim dizer. Só que mais uma vez isto não é infalível. A bóia de água serve essencialmente para procurar o peixe à superfície ou a meia água sendo indicada para aquelas alturas em que o robalo caça à superfície a petinga. Usamo-las também quando estamos a pescar em pesqueiros com pedras e evitamos dessa forma estar sempre a perder material ao ficar presos nas rochas. As bóias devem ser cheias com água e/ou com pequenos chumbos que terão uma dupla função. Fazer peso e produzir ruído que atrairá os robalos, quanto mais não seja por irritação ou curiosidade. Aconselhamos o uso das bóias de água ovais, pois lançam melhor e ao produzir menos atrito no ar evitam também os enleios.
A utilização das chumbadas, entre as 60 e as 90 g na maior parte dos casos, faz-se em condições de mar mais duro em que a bóia de água não trabalha eficazmente ou quando pretendemos que as nossas amostras trabalhem mais fundo procurando os robalos entocados. Não são raras as vezes em que estando a pescar com bóia de agua não sentimos qualquer toque e mudando para a chumbada começam a surgir os toques, ou vice-versa. Em zonas de pedras a utilização de chumbada leva a maiores perdas de material, devendo-se optar por chumbadas em forma de pêra que não só lançam mais como prendem menos. Custa sempre perder material mas por vezes é o que temos de suportar para levar para casa os maiores exemplares.

1 comentário:

Anónimo disse...

Que confusão vai para aí entre corrico, buldo e spinning!

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