domingo, março 16, 2008

Superfície

A pesca com amostras de superfície é, para além de um enorme prazer, um delírio em termos de adrenalina pois quando os ataques acontecem temos a possibilidade de os visualizar na plenitude da sua espectacularidade. É uma técnica bastante simples depois de ultrapassadas as primeiras dificuldades e para além desta beleza visual permite-nos explorar determinados pesqueiros que com outras amostras seriam mais complicados.

Quando o peixe se encontra mais longe a utilização de amostras de superfície torna-se quase indispensável como forma de o conseguirmos ir buscar para o alcance dos nossos lançamentos. Quando pretendemos chegar longe devemos optar por amostras pesadas e afiladas, tipo a Super Spook da Heddon, que lançam muito bem e trabalham-se de uma forma muito simples, quase bastante recolher apenas de forma linear em muitas ocasiões. Nesta tentativa de ir buscar o peixe é também importante que as amostras que utilizamos tenham um bom ratling capaz de fazer a distância entre nós e os robalos através da sua capacidade de atrair a sua atenção. Este som para além de poder ser produzido pelas esferas de metal que são incorporadas nas amostras, pode também surgir dos próprios movimentos que elas produzem ao evoluir na água, tal como acontece com os poppers.

As amostras de superfície ajudam realmente a detectar a presença de peixe num pesqueiro e quando os robalos lá andam é muito complicado conseguirem resistir à passagem de uma amostra destas. Quando chegamos a um determinado spot é normal utilizar estas amostras para rapidamente tentar perceber se o peixe anda por ali. De facto, existem dias em que iremos conseguir observar alguma agitação na água aquando da passagem da amostra à tona da água. Se os ataques não se concretizarem ficamos, pelo menos, com a certeza de que eles andam lá e podemos optar por outras amostras que irão conseguir levar a capturas. Assim, muitas vezes os artificiais de superfície assumem-se como verdadeiros exploradores e excitadores abrindo caminho para a utilização dos minnows e jerkbaits.

Animações

Uma das grandes vantagens desta gama ou família de amostras é que basta uma pequena acção da cana para as animar não se tornando necessário ultrapassar a própria resistência oferecida pela água tal como acontece com um minnow ou um jerkbait. Como estas amostras vão evoluir à superfície acabam por ter uma liberdade de movimentos muito importante e um carácter muito nervoso na resposta a qualquer acção do nosso punho ou ponteira. Na verdade de um momento para o outro podemos alternar um walking the dog (WTD) com paragens mais ou menos longas que imobilizam a amostra à superfície (sendo muitas vezes nestes momentos de paragem que os ataques acontecem) com novas animações de pequenos toques e novamente um WTD mais rápido. Uma estratégia lenta, como já tivemos oportunidade de referir no nosso último artigo, é indicada para águas mais mexidas, mar mais forte ou dias de menor luminosidade. Para estas ocasiões o Z-Calw da Zenith, é um artificial que permite pesquisar rapidamente um determinado sector ao mesmo tempo que pesca lento, ou seja com uma recuperação lenta, dando tempo mais do que suficiente aos robalos para atacarem a amostra. A vantagem de uma recuperação lenta é conseguir atrair os maiores exemplares. A desvantagem maior é dar oportunidade ao robalo de ver a amostra e abortar o ataque no último momento. Falemos então um pouco das animações mais comuns para as amostras de superfície.

Walking the dog

Esta forma de animação ganhou especial divulgação após o surgimento das amostras mais modernas tipo stick bait, como é o caso das Sammy da Luckycraft ou as Super Spook da Heddon, que se mostram capazes de evoluir na superfície da água fazendo uns ziguezagues fatalmente atractivos para os robalos e outros predadores, na medida em que imitam quase na perfeição um pequeno peixe ferido ou em dificuldades.

São amostras que dependem exclusivamente da animação que lhes é dada pelo pescador através de toques de punho. Não basta apenas recuperar normalmente a linha, temos de manter viva a nossa amostra. Esta necessidade de dar vida à amostra veio revolucionar completamente a mentalidade dos pescadores abrindo novos horizontes no spinning de mar.

Esta animação consegue-se então com o encadeamento de pequenos toques de cana, ligeiros mas progressivos de forma a libertar o fio após cada puxão. A dificuldade da animação walking the dog está em conseguir sincronizar a recuperação com o avanço das amostras, conseguindo-se isso após muitas horas de treino e muitos lançamentos efectuados. Como foi dito atrás, esta é uma animação essencialmente de superfície, mas que pode ser utilizada também, com sucesso, em amostras que evoluam a maior profundidade. Tudo depende da forma como manipulamos a cana durante a recuperação. Se tivermos a cana mais alta a amostra irá trabalhar à superfície, se a tivermos mais baixa a amostra terá tendência a trabalhar numa camada mesmo abaixo da superfície.

Popping

Esta animação aplica-se a todos os tipos de poppers dotados de uma cavidade bocal pronunciada e que não são dotados de esferas internas para produzir ruídos e vibrações. Os barulhos provocados por este “agitar”da água têm o fim de excitar os predadores que acabam por atacar para pôr fim a esse barulho irritante que os incomoda. Não é por acaso que muitas vezes temos robalos ferrados pelos flancos ou pela zona dos opérculos. Acontece apenas porque o peixe foi ao encontro da amostra considerando-a um intruso no seu território de caça que é necessário afastar.

Stop and Go

Esta é certamente uma das mais fáceis, utilizadas e antigas formas de trabalhar uma amostra. No fundo, acaba por ser uma forma de quase “não trabalhar” a amostra e mostra-se muitas vezes como uma fórmula muito eficaz para ultrapassar a desconfiança ou desinteresse dos predadores pelas nossas amostras. É uma técnica que pode ser utilizada com todos os tipos de amostras de superfície. Esta animação pretende imitar uma pequena vítima hesitante tornando-se dessa forma um alvo preferencial para um robalo a caçar. Estas paragens e arranques não devem ser demasiados longos nem demasiados curtos ou repetitivos. Nunca nos devemos esquecer que os peixes não são máquinas e não têm como tal movimentos mecânicos. São imprevisíveis e é nisso que temos de apostar para ter sucesso.

A superfície é um mundo a descobrir que nos abre imensas possibilidades de sucesso e de emoções fortes. Estas amostras devem fazer sempre parte da nossa caixa de amostras pois certamente que nos irão dar muitas alegrias.

8 comentários:

Anónimo disse...

Boas Fernando

Palavras para quê??!!!!
Mais um excelente artigo e para mim então, mais uma aula virtual para quando puder, pô-la em prática, embora ainda tenha muito para aprender.

Continua com o teu belissimo trabalho, um abraço

http://pescariasnosalgarves.spaces.live.com/

Paulo Machado disse...

Olá Fernando,
Parabéns por este artigo, está excelente, aliás como todo o teu blog.
Obrigado por partilhares com todos o teu conhecimento
Força. ;)

Unknown disse...

Olá Fernando,

Mais um belo artigo.

Obrigado

Alfredo Guedes

Fernando Corvelo disse...

Amigos,
Apenas para agradecer as vossas palavras simpáticas e para dizer que tudo isto é feito com enorme gosto e os vossos incentivos dão força para continuar e tentar melhorar este nosso espaço de pesca ao robalo.
Abraço

Robalos ao spinning disse...

Boas Fernando

A informação deste blog é de facto essencial a qualquer pescador de robalo e este artigo é mais um prova disso.
Na minha caixa de amostras não tenho nenhum popper nem nenhuma amostra de superficie sem babete, embora pesca com a mostars k nao afundam mais que 10Cm.

fcia aqui um forte abraço e um agradecimento por toda a informação.

MR disse...

Boas Fernando, grande artigo sem duvida, mais umas luzes para me ajudar a capturar robalos á superficie, já capturei alguns é extraordinario, é uma delicia ver os ataques dos nossos predadores

Fernando Corvelo disse...

Amigos,
Que vos posso dizer? Esta é uma paixão que tenho...adoro isto!!!

Abraço,

Luis Reis disse...

Este artigo está formidavel. Parabéns por isso e por partilhar com outros os seus conhecimentos e experiência.

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