terça-feira, agosto 05, 2008

O buldo ainda mexe

Volto hoje a falar de uma modalidade de que muito gosto: o buldo. Foi com ela que me iniciei na pesca ao robalo e foi com ela que tive as minhas primeiras grandes alegrias com boas capturas. O mundo mágico das pequenas amostras de borracha ainda tem muito para descobrir e muito para dar a todos os que procuram os robalos e as bailas por essas praias fora. De Norte a Sul de Portugal, com adaptações e cores próprias de cada região, os tradicionais pingalins, as raglous, as redgill ou as eddystone são amostras muito produtivas em determinados momentos, permitindo melhores capturas mesmo em comparação com as amostras duras tradicionalmente utilizadas no spinning.


O que nos pode então levar a optar pelo buldo, por exemplo em detrimento do spinning? É a essa pergunta que procurarei responder neste artigo, abordando alguns pontos baseados na experiência que tenho vindo a adquirir ao longo destes anos todos de pesca, através da observação de comportamentos dos robalos perante situações semelhantes e na troca de informações e conhecimentos com outros amigos pescadores. Na minha opinião, aquilo que nos poderá levar a escolher o buldo em detrimento do spinning quando vamos à pesca, depende da análise de um conjunto de factores, uns relacionados com o peixe, outros relacionados com as condições climatéricas e estado do mar e outros ainda relacionados com o próprio pescador e as suas preferências.

Robalo e época em que pescamos
Aqui englobaria tudo aquilo que diz respeito ao robalo e à época do ano em que o vamos pescar. Apesar do buldo poder ser utilizado todo o ano (tal como o spinning) existe uma época que considero ser excelente para a sua utilização e que é a Primavera, ou se preferirem, o período logo após o período da desova. Se é certo que não é impossível apanhar peixe com amostras duras a verdade é que me parece que os robalos entram melhor nas pequenas amostras de borracha, talvez por se aproximarem mais do tamanho das presas que eles encontram nesta altura do ano quando a petinga e o pequeno carapau abundam na costa. É por isto mesmo que tecnicamente se defende que no princípio da época de pesca ao robalo (se a entendermos desde o fim da desova) se deve optar por amostras mais pequenas no spinning, mas isso levanta-nos o problema de as lançar, pois sabemos que a nossa costa é bastante afectada pelo vento.
Nesta altura, em que o mar tem tendência a tornar-se mais lento, a bóia de água ou o buldo são boas opções, tanto mais que muitas vezes os robalos andam a caçar à superfície no meio dos cardumes de petinga. A passagem dos pingalins ou raglous torna-se quase irresistível e são habituais histórias de grandes capturas nesta altura. As cores mais habituais são os verdes ou os azuis, cores mais discretas ideais para dias de maior luz e águas mais abertas. Durante o Inverno também podemos utilizar esta técnica mas preferencialmente com uma chumbadinha, sendo que o seu peso e forma irão variar de acordo com a zona onde iremos pescar e o próprio estado do mar. Para esses meses mais frios aconselho cores mais escuras para as amostras, verdes azeitona, vermelhos, laranjas e até pretos.

Factores climatéricos e de pesqueiro
É muito habitual na nossa costa chegar para ir à pesca e ver que o mar está mais forte do que se esperava, com mais corrente ou vaga, ou que o vento sopra de frente ou que está a tradicional nortada. Ou então quando chegamos a arriba vemos uma coroa fantástica ainda um pouco longe da praia. Perante todos estes cenários a opção pelo spinning revelar-se-ia, muito provavelmente, como condenada ao fracasso, pois apesar da grande evolução das canas que utilizamos nessa técnica, o pouco peso das amostras não permite geralmente contornar com eficácia as dificuldades climatéricas. Assim a opção seria pelo buldo, o que nos permitiria ir pescar na mesma e pensar que poderíamos ter sucesso na abordagem do pesqueiro à nossa frente. Perante um mar mais forte ou com mais corrente poderíamos então optar por uma chumbadinha, jogando depois com a velocidade de recuperação para trazer a amostra mais acima ou mais abaixo na camada de água. As vagas, desde que não muito fortes, são excelentes aliadas do pescador de buldo.
A espuma permite aos robalos passarem mais despercebidos quando caçam à superfície e são sempre sinónimo de águas mais mexidas e oxigenadas. Os robalos têm uma predilecção para caçar nessas zonas, geralmente na ressaca das ondas, perto da superfície, dando assim grande vantagem às nossas montagens com bóia de água. Gosto especialmente de aproveitar o efeito de “sucção” que a onda exerce na bóia, puxando-a para dentro, para parar de recolher e apenas ir esticando a linha ao levantar a cana até uma posição horizontal. Muitos pescadores começam a recuperar mais depressa nestes momentos…acho que não o devem fazer pois os robalos atacam muitas vezes naquele ultimo momento antes da onda desfazer-se. Deixem lá ficar a amostra e experimentem. Quando encontramos um pesqueiro com uma coroa longe ou uma situação em que conseguimos ver os robalos nas ondas a uma certa distância, o buldo torna-se também uma boa opção tal como referi antes. Só com os buldos ou as chumbadas conseguiremos atingir essas distâncias e tentar assim apanhar uns robalos.

Preferências do pescador
Depois de tudo o que escrevi atrás resta-me dizer-vos que é muito difícil ter o melhor de dois mundos. Como conseguir escolher a melhor técnica e evitar aquela sensação tão agreste de ir para casa a pensar “bolas, devia ter ido antes ao spinning, teria apanhado peixe e assim gradei” ou “trouxe este material tão ligeiro e agora não consigo alcançar aquele sítio porque está muito vento…devia ter trazido a cana de buldo”? Acho sinceramente que não se consegue…eu próprio tenho esse tipo de pensamentos muitas vezes. Confesso que cada vez mais pesco ao spinning e menos com o buldo, mas não porque ache que apanhe mais peixe assim…é apenas uma questão de gosto. As sensações do spinning são diferentes…gosto de ir leve para a pesca, de sentir que com aquela caninha que provoca tanto espanto consigo lutar com um bom peixe e traze-lo até mim…mesmo que depois o venha a libertar novamente nas ondas.

Cada um de nós tem o seu próprio gosto e a sua forma de encarar a pesca e a “luta” com o peixe. Ultimamente tem sido comum ver pescadores a levarem as duas canas para a praia, uma de buldo e outra de spinning e consoante saia um peixe numa dessas modalidades vão trocar de cana. Também já fiz isso…mas acabo sempre por utilizar apenas uma e geralmente a de spinning ficando com a sensação de ir carregado de mais para nada. O buldo é também uma pesca muito mais barata do que o spinning e isso certamente é um factor importante para todos nós…é muito diferente perder uma amostra de 50 cêntimos ou um euro do que uma outra de 16 €.

Boas pescas a todos

5 comentários:

Pedro Russo Baião disse...

Olá, apesar de não praticar nem nunca ter praticado buldo, na vertente de spinning, a pesca com amostras de vinil, permitem a meu ver, garantir todas as vantagens da pesca de buldo e até mais, perdendo talvez em distância de lançamento, mas sem dúvida que uma amostra de vinil com um cabeçote de 30 gramas lança muito longe.
Ainda hoje me deu uma boa alegria, pescando com cabeçotes ultra-lights e amostras de vinil pequenas, em zonas seria muito difícil conseguir uma captura com amostra rígida.

Um abraço, e bom artigo.

Pedro Baião

Anónimo disse...

parabens pelo blog
da uma olhada em pescaaoluar.blogspot.com

ricardo navalho

Pedro batalha disse...

Boas Fernando, muito bom artigo, obrigado.

Anónimo disse...

GRANDE ESTILO

Como sempre, o amigo Corvelo escreve uns artigos porreiros, pá, porreiro!...

No bulbo sente-se mais cana, mais carreto e no meu ver, mais mar... Não porque se chegue mais longe com a amostra mas porque se fazem pescas em praias sofridas de mais vento e de mar.

Como é bom ver o bulbo no topo da onda e zás... uma pancada...um peixe.

O spinning é mais ligeiro, trabalha-se e anda-se muito mais. ( mas concordo dá muito mais pica tirar um peixe com uma canita de 3,00 ).

No meu entender uma pesca e outra são complementares. Eu tenho sempre duas canas no carro, ou uma ou outra... mas ultimamente escolho sempre a errada. Para não falar dos tamanhos XS que me tem saído ou nas grades que tenho apanhado.

Temos que levar o Pedro Baião para ir ao bulbo.

Carlos Fazenda.

Anónimo disse...

GRANDE ESTILO

Como sempre, o amigo Corvelo escreve uns artigos porreiros, pá, porreiro!...

No bulbo sente-se mais cana, mais carreto e no meu ver, mais mar... Não porque se chegue mais longe com a amostra mas porque se fazem pescas em praias sofridas de mais vento e de mar.

Como é bom ver o bulbo no topo da onda e zás... uma pancada...um peixe.

O spinning é mais ligeiro, trabalha-se e anda-se muito mais. ( mas concordo dá muito mais pica tirar um peixe com uma canita de 3,00 ).

No meu entender uma pesca e outra são complementares. Eu tenho sempre duas canas no carro, ou uma ou outra... mas ultimamente escolho sempre a errada. Para não falar dos tamanhos XS que me tem saído ou nas grades que tenho apanhado.

Temos que levar o Pedro Baião para ir ao bulbo.

Carlos Fazenda.

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