terça-feira, novembro 18, 2008

Pescar com pouca água

As horas em que as marés não têm tanta água fazem com que muitos pesqueiros sejam, por vezes, negligenciados por alguns pescadores, que pensam que o peixe não anda por ali e não vale a pena correr o risco, sempre acrescido, de perder mais material. Na verdade, nos anos que já levo de pesca ao robalo tenho vindo a ganhar, cada vez mais, uma preferência em fazer as duas últimas horas da vazante e as duas primeiras da enchente em todos os pesqueiros que a isso são propícios. Estão aqui incluídos spots em praias de acesso através de zonas de pedras que ficam cobertas pela enchente, lagedos, zonas de caneiros ou zonas de pedra que entrem dentro do mar, apenas para dar alguns exemplos. Quando essas horas coincidem com o pôr-do-sol ou o início do dia ainda melhor.



Nestas horas ao desafio de pescar com pouca água alia-se a emoção de trabalhar o peixe em condições que nem sempre serão as mais favoráveis pela presença de pedras a descoberto, aumentando as possibilidades de uma eventual ruptura da linha por nelas roçar e a possibilidade de muitas vezes se conseguir detectar a presença dos robalos e os ataques que eles fazem às nossas amostras, geralmente quando pescamos à superfície.

Se é certo que iremos correr mais riscos de perder material também é verdade que muitas vezes os resultados que obtemos compensam largamente a perda de uma amostra, mesmo sabendo que são bastante caras. Quais são, então, na minha opinião as vantagens que podemos ter em pescar nestas condições:


1. Uma melhor observação e percepção do pesqueiro
Pescar nas horas de maré mais vazia permite, como é óbvio, uma observação mais detalhada da costa e naturalmente uma percepção muito maior do pesqueiro e dos diversos spots que o compõem. Torna-se possível detectar de uma forma muito mais precisa os caneiros, os fundões ou as pedras onde poderão estar os robalos e para onde iremos então lançar as amostras. Gosto especialmente de fazer esta observação nas marés de dia, aproveitando para testar algumas amostras, medir os lançamentos e guardar na memória alguns spots para os explorar de noite quando os robalos estão mais disponíveis para se aproximarem de terra e muito menos desconfiados. A pesca de noite é bastante intuitiva mas bastante mais produtiva se tiver o suporte da observação durante a luz do dia para evitar estarmos a pescar num spot que nos parece excelente mas que no dia seguinte vamos verificar que afinal não reunia as melhores condições.


2. Pescar em zonas inacessíveis com a maré cheia
A pesca nas horas de menor água permite também a exploração de determinados pesqueiros que com ficam cobertos de água com a maré mais cheia. Temos assim a possibilidade de ir lançar as nossas amostras onde normalmente não conseguimos pescar, zonas em que algumas vezes se faz a transição para águas mais fundas e onde os robalos poderão estar à espera de alimento fácil. É o caso das zonas de pedra ou lajedos que entram mar dentro. Tendo a certeza das horas das marés podemos então ir a alguns sítios com alguma segurança, pois esta nunca é de mais de realçar. Neste plano devemos sempre um plano para recuar, que nos permita voltar para trás de uma forma segura, pois muitas vezes estes pesqueiros encerram numerosas armadilhas que podem transformar uma jornada de pesca num episódio triste. Geralmente quando vou para um lajedo coloco-me num sítio onde possa recuar em linha recta sem grandes problemas e conforme a maré vai subindo também vou recuando. Quando a opção vai para zonas de pedra mais irregular tento sempre encontrar um plano mais estavel e perceber por onde posso recuar. A segurança nunca é demais e estas zonas ao mesmo tempo que podem proporcionar mais peixe também se podem tornar mais traiçoeiras.



3. Pescar em zonas com mais alimento
A pesca nestes caneiros, valas ou rochas durante as últimas horas da vazante e primeiras da enchente permite-nos capturar robalos mais activos que procuram alimento aproximando-se mais de terra em busca dos cabozes, camarões ou pequenos polvos. Com menos água há maior agitação e libertação de mais alimentos e as eventuais presas, ficam também, com menores hipóteses de fuga. É incrivel ver, muitas vezes, como conseguimos capturar robalos em meio metro de água e mesmo aos nossos pés!




4. Pescar com maior precisão
Pescar com menos água e com mais pedra a descoberto vai obrigar-nos a ser mais precisos em termos de lançamento e mais selectivos em termos de spots. Deixamos de nos preocupar apenas com o ganhar de metros, como geralmente acontece da praia, para passarmos a procurar colocar o nosso artifical num local específico, como seja um determinado caneiro ou um rebojo junto a uma pedra. Podem crer que isto faz toda a diferença e pode ser aquilo que nos fará trazer ou não peixe para casa em determinada jornada de pesca. Pescar nestas horas obriga-nos a apurar a técnica e a desenvolver um conjunto de sentidos e feelings importantes para animar as amostras e entender o meio em que irão evoluir. É o que acontece na pesca à superfície, técnica indicada para estas horas e para determinados pesqueiros. Como iremos pescar à vista temos de estar muito mais atentos não bastanto o simples movimento de recuperar e dar uns toques de ponteira como habitualmente fazemos com outras amostras que afundam.

5. Que amostras?
Esta é talvêz a pergunta mais frequente que oiço quando pesco nestes sítios na maré vazia: que amostra coloco para correr os menores riscos possíveis de a perder presa numa pedra? Se a pesca fôr à superfície a opção vai para as Sammy da LC ou para as Super Spook da Heddon. Amostras verdadeiramente incontornáveis para todos os amantes da pesca ao robalo na camada superficial de água. Quando não posso pescar à superfície (geralmente quando pesco de noite...como sabem a maioria das vezes) opto por amostras que afundem muito pouco, ou seja, entre os 30 e os 50 cm. São amostras de pala muito curta e estreita e geralmente de corpo afilado e longo. Neste segmento temos a incontornável Daiwa Saltiga Minnow, aquela com que geralmente começo sempre a pescar nestas zonas de pouca água, a nova Flat Swich 110 da LC, a Artist 130 da Jackson, a Tide Minnow da Duo,a Feed Shallow da Tackle House ou ainda a SW Minnow 130 F da Bassday, apenas para dar alguns exemplos.



Quando os pesqueiros, dão e com a maré a subir também podemos ir mudando as amostras para outras que afundem um pouco mais. A melhor forma de animar estas amostras é, muitas vezes, através de pequenos toques, ponteira ao alto, recuperações não muito rápidas, para evitar que afundem demasiado. Como as palas são muito discretas são amostras que, especialmente a Saltiga, nem sempre se conseguem sentir bem dentro de água. É uma questão de confiança e uma crença nas suas capacidades.


A pesca nestas condições de pouca água pode propiciar-nos momentos de grande prazer e emoção. Acreditem que trabalhar um bom exemplar assim é um espectáculo e é com esses momentos que iremos progredir na nossa constante aprendizagem de pesca. Respeitem sempre o peixe e libertem sempre que possível.

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