quinta-feira, abril 02, 2009

Saramugo, o Revoltado!!!

Boas,Eu sou o Saramugo, sim leram bem SARAMUGO, também conhecido por Anaecypris Hispanica.Para quem não me conhece ou nunca ouviu falar de mim, vou tentar apresentar-me brevemente para que me reconheçam quando tiverem o privilégio de se cruzarem comigo lá para as bandas do Guadiana. Pois é, sou um peixe raro. Pequeno de “estatura”, raramente ultrapasso os 7cm, corpinho estreito e comprido ladeado por uma vistosa cor de prata com laivos de rosa e nos flancos sou pintalgado de tons negros (imposições da modernidade). Não se pode dizer que tenha uma grande cabeça, mas os olhos são grandes e a boca é virada para cima, adaptada ao facto de eu me alimentar à superfície.
Até aqui tudo mais ou menos, até ao dia em que encontrei um vosso conhecido, o ICNB, e ainda outras vozes que levantaram a bandeira da minha defesa. A partir desse momento, a minha vida ainda se complicou mais, passei a ser Saramugo, o Revoltado.Digam lá quem é que não se revolta quando tínhamos a nossa vidinha toda organizada e vem um grupo de senhores, que querem só o nosso bem estar, e mudam-nos o esquema todo e ainda nos dizem que é em benefício da nossa estirpe?!!!
Em primeiro lugar, arranjaram um inimigo, o Achigã, esse “exterminador impecável”, homicida de boca grande, que veio do continente americano capaz de inúmeros genocídios.Dei vivas por ter sido descoberto por esses defensores, pois andei muitos anos esquecido e nada melhor do que ter alguém a defender os meus interesses: passei a ser mais uma estrela da conservação da natureza tão bem conhecida em Portugal.“Morte ao achigã, essa espécie invasora! Eliminem o defeso, as medidas mínimas! Expulsem-no daqui, ele não é português nem espanhol, por isso não tem direitos adquiridos. Fritem os seus juvenis! Nas nossas águas só nós temos direitos.”Um dia, depois de vários pesadelos com esse “exterminador impecável”, acordei e comecei pensando: “Mas que raio de bicho papão é esse que eu nunca o vi rondar a minha porta, não conheço nenhum parente nem familiar que ele tenha sido assassinado?”Afinal o verdadeiro pesadelo foi constatar que o meu defensor queria mudar-me a casa, sem pedir autorização e eu pensando que ele estava a cuidar dos meus interesses. Logo eu, que gosto de cursos de água com pouca profundidade, com alguma corrente e água bem oxigenada, iam mudar-me para uma lago que não era natural e não iam cuidar dos meus ricos cursos de água que não são tratados, e recebem todo tipo de poluição.
Afinal, o meu assassino não vive nas minhas águas, pois o seu habitat é outro.Quem me que protege do meu protector?!
Saramugo, o Revoltado

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