sexta-feira, outubro 16, 2009

Spinning em movimento

O que é a pesca em movimento ou o spinning itinerante, tal como é assim chamado pelos pescadores franceses e por algumas revistas da especialidade? É a vertente do spinning que se caracteriza por uma grande liberdade de movimentos e a exploração de vários pesqueiros durante uma jornada de pesca. O conceito é simples: em vez de ficarmos num determinado local, por muito bom que seja, esperando que os robalos apareçam, a ideia é ir procurando por eles em diversos pesqueiros.



A escassez do peixe nos dias que correm torna cada vez mais justificável esta abordagem ao mesmo tempo que a própria evolução tecnológica dos materiais que temos ao nosso dispor permite cada vez mais este movimento e sessões de pesca mais longas. Os materiais cada vez mais leves permitem pescar, mais e melhor, com muito menor cansaço.

Quando nos referimos ao spinning na sua vertente de grande mobilidade não se defende, naturalmente, uma forma de pesca apressada ou a correr. Este elemento de mobilidade não significa que estejamos numa autêntica corrida contra o tempo mas apenas que tentamos maximizar as nossas possibilidades de encontrar o peixe activo.



Na verdade, quando os robalos estão com maior actividade e andam a caçar, não é anormal acontecerem ataques às amostras logo ao primeiro lançamento. Ora, segundo este conceito de pesca mais em movimento, quando isso não acontece, o melhor será ir procurar outras paragens e não perder tempo continuando a lançar num mesmo local onde não temos toques.


No ataque a estas “zonas quentes”, ou seja os pesqueiros e spots que previamente identificamos com aqueles onde existem mais e melhores possibilidades de obter capturas, podemos ter duas abordagens, consoante o nosso próprio estilo ou forma de pescar e tendo em conta, também, as características intrínsecas de cada pesqueiro. Assim, podemos, por um lado, abordar as zonas lançando sempre de uma forma padronizada procurando cobrir toda a área a pescar, ou seja, lançar da esquerda para a direita ou vice-versa de forma sequencial de modo a tentar encontrar o peixe ou podemos também seguir a nossa intuição e lançar logo em primeiro lugar para aquele spot em que acreditamos mais na zona que pescamos. Deixamos de ter o padrão de lançamento mas ganhamos em confiança nos primeiros lances! Em zonas muito complicadas, por exemplo áreas de muita pedra, podemos sempre deixar para o fim os locais onde teremos mais hipótese de perder a amostra. O risco de prisão é muitas vezes recompensado com a captura dos melhores exemplares mas, custa sempre muito, perder amostras em que confiamos e que são extremamente caras.


Equipamento e materiais
Para esta abordagem ao spinning devemos apostar em equipamentos leves que permitam grande mobilidade sem comprometer a segurança, que deve ser sempre um dos factores a ter em maior consideração quando vamos à pesca. Em termos de roupa, esta deve permitir sempre uma grande liberdade de movimentos e deve ser sempre adequada à altura do ano em que pescamos e deve permitir que o nosso conforto quer perante o calor quer perante o frio. Isto é o mesmo que dizer que para dias mais quentes devemos usar materiais transpiráveis, que permitam eliminar o suor sem ficarmos todos molhados ou que para dias mais frios devemos usar tecidos leves mas que protejam realmente do vento e nos permitam ficar secos. Uma outra hipótese é a utilização do fato de mergulho, especialmente indicado para zonas mais sujeitas a salpicos do mar ou mesmo prevendo a necessidade de ir a pesqueiros mais avançados. Em termos de segurança acaba por ser do melhor, pois perante a possibilidade de uma queda à água ajudam a flutuar. Hoje em dia temos também os vadeadores em neoprene que, resolvem o tradicional problema de segurança da entrada de água pelo peito dos vadeadores mais antigos e que são uma boa solução em termos de conforto. Um elemento importante diz respeito ao calçado que deve ser anti-derrapante especialmente para quando pescamos em rocha de forma a evitar ao máximo as tão desagradáveis e perigosas quer para o nosso físico quer para o próprio material. Se pescarmos da areia essa questão não se coloca tanto devendo apenas ser privilegiado o conforto. Importante para pesqueiros de pedra é também a utilização de luvas que têm a função de permitir, por um lado, os apoios com as mãos nas rochas evitando cortes e feridas e por outro, uma pega mais eficaz do peixe. Outros elementos importantes são os óculos polarizados, o chapéu e uma garrafa de água, pois a deslocação de pesqueiro para pesqueiro pode ser, por vezes, cansativa e convem irmos recuperando do esforço dispendido.



No que diz respeito ao material de pesca e amostras, tal como referi atrás, devemos partir o mais ligeiros possível. Para isso vamos optar por uma cana polivalente, entre os 2.90 e os 3 m e um carreto, tipo Shimano Twin Power 4000 ou 5000, devendo os carretos ter um ratio de recuperação mais elevado quando vamos para pesqueiros de pedra, pois aí vamos precisar mais vezes de “velocidade” para tirar a amostra de sítios mais complicados. Quanto às amostras devemos levar apenas aquelas que cubram a maior parte das situações que vamos encontrar. Para isso devemos fazer o trabalho de casa prevendo onde iremos pescar e indo buscar as nossas memórias e padrões desses locais. Penso que cerca de 12 amostras serão mais do que suficientes sempre que vamos à pesca. Geralmente levamos uma mochila enorme carregada de caixas de amostras e acabamos por utilizar meia dúzia delas durante uma sessão de pesca. Assim, basta levar algumas e diminuir em muito o peso que iremos carregar.

Que amostras escolher então? A primeira resposta é obvia… devemos levar aquelas em que temos mais confiança e que já nos deram provas de apanhar peixe! Geralmente utilizo uma bolsa de cintura da Shimano ou da HPA onde levo algumas amostras de superfície e especialmente minnows e jerkbaits, geralmente dois de cada cor que gosto para o caso de perder alguma. Privilegio sempre amostras que lancem bem e que afundem pouco para evitar o risco de prisões e perdas nas pedras. Claro que se for para locais que sei à partida aguentarem amostras mais afundantes também coloco algumas na caixa. Finalmente, tento levar também alguns vinis para algumas situações específicas de pesca em zonas de rocha e caneiros muito localizados.

Alguns exemplos de amostras que levo comigo:

1. Zara Super Spook (Heddon)
2. Sammy 115 (Lucky Craft)
3. Z-Claw (Zenith)
4. Gunfish (Lucky Craft)
5. Flashminnow 110 SP (Lucky Craft)
6. Saltiga Minnow 14 F (Daiwa)
7. Athlete Slim Minnow 112 (Jackson)
8. Flat 110 (Lucky Craft)
9. Feed Shallow (Tackle House)
10. Flashminnow 130 MR ( Lucky Craft)
11. Tide Minnow (Duo)
12. Logsurf 124 F (Bassday)

Como a proposta é partir ligeiro podemos até vestir um colete que permita levar os acessórios que mais necessitamos como o alicate, os clips (para quem utilize) e umas bobines de fluorocarbono para fazer as baixadas. Desta forma teremos grande liberdade de movimentos e podemos ganhar em capacidade de deslocação.

Finalmente umas últimas linhas para falar de algo que alguns leitores poderão ter já pensado e que tem a ver com o tempo que devemos dedicar a cada um dos pesqueiros que escolhemos. Como iremos definir isso? Será sempre igual para todos? Bem, aqui penso que teremos de encontrar as respostas em cada um dos pesqueiros. Ou seja, são as suas características próprias e aquilo que eles nos transmitem quando lançamos as amostras que nos irão dar as coordenadas para decidirmos quanto tempo iremos despender em cada um deles ou se deveremos insistir mais num e menos noutro. Correntes, algas, rochas, areia, estado do mar, vento, meteorologia e até a própria morfologia do pesqueiro são factores determinantes para a nossa decisão. Se estivermos num spot pequeno com zonas de passagem de amostras estreitas (por exemplo um corredor entre rochas) cerca de meia dúzia de lançamentos deverão ser suficientes para detectar a presença ou não de peixe e desencadear o ataque de um robalo. Se, pelo contrário, o pesqueiro for de maior dimensão ou até se tiver vários spots a explorar então iremos dedicar um pouco mais de atenção. Por outro lado se tivermos toques num determinado local é natural uma insistência maior aí já que o peixe foi localizado. É normal então ir mudando de amostra até encontrar aquela que nesse determinado local e dia tenha um melhor resultado. O importante é não deixar nenhum dos pesqueiros com aquela sensação de que deveríamos ter lançado a amostra para determinado local e não o fizemos. Devemos seguir sempre os nossos feelings e lançar mesmo para aqueles sítios que à partida e pela teoria serão os menos indicados. Pode ser que surja dali uma enorme surpresa.


Este texto foi publicado no Extra Robalos do Mundo da Pesca que saiu em Junho de 2009

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