terça-feira, março 24, 2009

Robalos na Primavera

A Primavera é uma das épocas mais procuradas para a captura dos robalos, pois estes, estando a sair do período da desova, voltam a ter actividade procurando caçar para recuperar as energias dispendidas durante a época de acasalamento em que muitas vezes nem se alimentam. Adequar o tamanho das amostras ao que o robalo come nesta época é um dos factores mais importantes para garantir o sucesso das nossas idas à pesca numa altura em que o robalo prefere muitas vezes apresentações mais discretas e amostras para pequenas que se aproximam mais da sua dieta primaveril.

Após o período de acasalamento e desova o robalo inicia uma nova etapa caracterizada pela procura de alimento que lhe permita recuperar as energias dispendidas nos meses mais frios.
É comum nesta altura do ano verem-se cardumes de robalos a perseguir a comedia que se vai aproximando da costa, nomeadamente, procurando as petingas, importante fonte de alimento nesta época. Por vezes conseguimos até ter a sorte de ver caças a poucos metros de terra, parecendo que a água fervilha de actividade!
São momentos incríveis que nos aumentam o ritmo cardíaco pelo espectáculo que nos é proporcionado pelos ataques dos robalos que acabam por provocar os saltos fora de água das suas presas na tentativa de escaparem aos predadores. Às vezes, acontece até esses pequenos peixes virem parar na areia, encurralados pelos robalos que os empurram até não terem escapatória. É por isso que muitas vezes acabamos por ter ataques quando a amostra está mesmo a sair da água e já nem contamos com eles.

Um dos maiores erros que podemos cometer, especialmente naquelas praias em que a onda cava um declive junto a areia, é recuperar mais rapidamente quando a amostra está quase a sair da água…é aproveitar esse declive e muitas vezes a força da água para a deixar ainda trabalhar um pouco pois é nesse último espaço que se sucedem muitos dos ataques que temos.

Discrição nos pesqueiros
Nos dias em que conseguimos detectar estas caças e em que os robalos estão mais próximos, devemos primar pela discrição na nossa aproximação ao pesqueiro, pois disso poderá depender também grande parte do nosso sucesso. Quer da praia, quer especialmente quando pescamos da pedra, devemos utilizar roupas de cores discretas, pois os robalos poderão perseguir a amostra mesmo até aos nossos pés. Se tivermos uma postura demasiado “agressiva” iremos certamente afastar o peixe do pesqueiro. Não é por acaso que devemos evitar pescar mesmo junto à água em pesqueiros de praia. Se o peixe andar mesmo ali perto iremos estar a contribuir para o assustar não lhe dando a segurança que tem de sentir para atacar as nossas amostras. Lançar a alguns metros da linha de água é sempre uma boa táctica de aproximação a um pesqueiro.
Animações lentas
Nesta altura do ano em que o robalo retoma a sua actividade alimentar opto geralmente por recuperações lentas que lhe permitam ter tempo para atacar a amostra. Como já afirmei noutras ocasiões o robalo não é um sprinter e nesta que ainda esta a recuperar forças da letargia da desova o melhor é mesmo animar as nossas amostras com movimentos mais curtos e lentos tanto mais que iremos utilizar amostras mais pequenas e como tal mais influenciáveis pelas nossas animações. Estas amostras de menor tamanho são, geralmente, muito mais nervosas que os modelos maiores, reagindo com grande rapidez a tudo o que lhes provocamos com os movimentos de pulso e de ponteira da cana.

Canas mais curtas
Se é certo que podemos ter mais resultados com animações mais lentas e amostras mais pequenas também não é menos verdade que poderemos ganhar bastante, nos pesqueiros que o permitem, em diminuir também o tamanho da cana pois isso irá permitir-nos ter uma sensibilidade maior no trabalhar da amostra. O mesmo acontece com a sua acção que terá também de ser ajustada ao peso das amostras para que se consiga tirar delas todo o seu potencial quer em termos de lançamento quer em termos de desempenho dentro de água. Uma cana de 2.70 m e com uma acção até 30 g é, em muitos casos, excelente para trabalhar as amostras na Primavera e dar-nos momentos de grande emoção.

Pesca à superfície
Nesta altura do ano a pesca à superfície é bastante produtiva e emocionante. Não há nada como ver um ataque de um robalo a uma das nossas amostras de superfície. Sempre que vamos fazer pesqueiros com muita pedra e estruturas onde os robalos se escondem para caçar as amostras de superfície são verdadeiramente incontornáveis pois transformam-se em alvos irresistíveis para estes predadores que as atacam de baixo para cima, com a luz a dificultar-lhe a visão e a retirar-lhe a vantagem dos ataques noutras camadas de água. Geralmente esta gama de amostras possui ratlings intensos que se destinam fundamentalmente a atrair os robalos e a guia-los na definição da melhor trajectória para interceptar a amostra à tona de água. É comum o robalo falhar o primeiro ataque à amostra. Nesses casos não devemos retirar a amostra muito rapidamente tentando lançar para o mesmo sítio, mas devemos antes dar uns pequenos toques simulando até um peixe ferido pelo primeiro ataque, pois dessa forma daremos ao predador a confiança para um novo ataque mais decisivo.


Amostras mais pequenas
Para terminar deixo-vos aqui apenas alguns dos modelos de jerkbaits que costumo usar nesta altura do ano em que os nossos amigos estão mais relutantes em atirar-se às amostras maiores. Não são exclusivas desta altura, pois noutros momentos do ano também são muito úteis, sempre que o peixe esta mais desconfiado e pressionado.

LucKy Craft Flasminow 110 e 95
A Flasminnow 110 é uma das minhas amostras preferidas. Anda sempre na minha caixa de amostras. As cores incontornáveis são a Aurora Black, a American Shad e, para mim, a Lazer Green Head. Incontornável para pescar de noite. Lançam muito bem e permitem um bom contacto com a água fruto da sua palheta. Gosto de as trabalhar com pequenos toques de ponteira depois de paragens mais ou menos prolongadas. A 95 é a irmã mais nova e gosto dela para pescar em muito pouca água, em pesqueiros de rocha.

Daiwa Saltiga Minnow 112 f
Esta é a “irmã mais nova” da Saltiga Minnow 114 uma amostra que também tenho sempre na minha caixa e que uso sempre que a maré está nas horas de menos água. Este modelo de 12 cm não fica nada atrás em termos de desempenho perdendo apenas um pouco em termos de lançamento, mas ganhando em termos de nervosismo dentro de água e não exigindo recuperações tão rápidas como a 114.

Jackson Artist FR 80
Esta é uma pequena amostra que, tal como o modelo maior revela um grande desempenho dentro de água, reagindo com grande prontidão a qualquer toque de ponteira. A grande vantagem da Artist é que permite recuperações muito lentas mantendo sempre uma acção espantosa dentro de água.

Lucky Craft Wander 95
A Wander é uma amostra extremamente compacta que tem a capacidade de lançar muito longe mas que necessita de uma boa capacidade de animação e algum treino na sua utilização pois como não tem palheta torna muito mais complicada a percepção da sua evolução dentro de água. Em boas mãos é uma verdadeira “matadora”!

Maria Angel Kiss EFK 90
A Angel Kiss, vulgarmente conhecida por Maria em Portugal é uma das amostras com mais robalos na nossa costa. A sua irmã maior tem no seu currículo inúmeras capturas de bom tamanho e continua a ser a preferida de muitos pescadores. Este modelo mais pequeno mantém as boas características do modelo maior sendo bastante efectiva.

A Primavera é uma excelente ocasião para tentarmos a nossa sorte na pesca do robalo com amostras. Neste artigo tratei apenas das amostras duras mas a utilização de amostras flexíveis abre um campo ainda maior de possibilidades. Essas ficarão para um outro texto. Lembrem-se que pescar não é apenas apanhar peixe e que devemos respeitar o robalo como digno adversário que é. Sempre que possível libertem, pesquem com moderação, pois o que preservamos hoje é o que apanharemos amanhã.


Este é o artigo que saiu na edição de Abril do Mundo da Pesca (http://www.grupov.com/) e que marcou o meu regresso à revista onde me iniciei nestas lides de escrever sobre pesca ao robalo.

3 comentários:

Anónimo disse...

Gostei bastante deste artigo Fernando

Muito obrigado pela partilha


Cumprimentos
Sérgio

Gouveia disse...

Boa, eu tambem gostei bastante.

Parabens,

AG.

Pedro Conceição disse...

O artigo ficou muito bom.

Parabens.
Pedro

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