....E em que tudo parece "bater certo".
Todos nós perseguimos objectivos, sonhos, demandas.
O processo de alcançar esses objectivos, o planeamento, como diz o meu amigo Alexandre o "sonhar acordado", é das particularidades que mais gosto na pesca enquanto desporto.
Será que a amostra é a adequada? Será que a animação vai provocar uma ataque? A cor será eficaz? E a altura da maré? Haverá lá peixe? Entre tantos outros factores que nos fazem duvidar, ou acreditar, ter "Fé", que hoje vai ser o "Dia".
Numa noite quente e abafada de Verão, com a água espelhada, sem a mínima aragem, condições que me faziam acreditar que, talvez hoje, fosse uma noite boa.
Indo buscar ao banco de dados da memória toda a experiência prévia, a animação das amostras, a cor a usar, e aquele gozo enorme que para mim é criar a expectativa sobre o que irá acontecer.
Mas às vezes expectar não chega, e não prepara.
Anima lentamente um shad de vinil junto ao fundo, dando um toque de ponteira aleatório para o fazer subir, com uma recolha lenta, sentindo bem o relevo do fundo, parando, fazendo a amostra "tremer", na esperança que algum predador achasse a minha amostra uma presa ferida, digna de ser aniquilada.
Senti uma prisão. Esperei um segundo, ferrei, e depois....
Nada.
Preso? Parecia preso, mas passado alguns segundos a prisão começou a mexer-se muito lentamente, levando um metro de cada vez de linha, muito lentamente...como que uma força preguiçosa quisesse apenas passar a mensagem que se sentia ligeiramente incomodada.
Estranhei, sabia que provavelmente era um peixe de tamanho aceitável, pois pelo menos inicialmente não o conseguiria descolar do fundo.
Depois de meio minuto a passo de caracol...o Inferno desceu à Terra.
O peixe tinha entrado de numa zona de corrente e como se tivesse apercebido do bónus que a corrente lhe daria...dispara.
Eu já tinha tido peixes grandes a levar linha rapidamente, mas este, este era diferente.
O meu drag estava no ponto, não poderia apertar muito mais ou o Power Pro de 15 libras partir-se ia zangado sob tensão.
A linha esvaia-se do carreto a uma velocidade estonteante. Eu segurava-me à Gloomis, com a adrenalina a entrar em circulação, mas sem poder fazer grande coisa, sem ser esperar pacientemente por uma paragem.
Saiem 100 metros de linha...
200...
Começo a ver o caso muito, mas muito mal parado.
Quando a linha começava a escassear na bobine do Twinpower lá tive uma paragem, uma aberta para começar a bombear rápido, e recuperei alguns metros perdidos.
Este ciclo foi-se repetindo ao longo de vários longos minutos.
Corridas desenfreadas e imparáveis, cana dobrada até ao máximo que o seu blank permite, muita força aplicada, nas pausas, muito esforço físico para bombear e recuperar linha.
O tempo foi passando, a sudorese picava-me os olhos, o calor, a dor de braços, sensações que normalmente não associo à pesca.
Por fim o meu adversário, que até então me tinha feito pagar por cada metro de linha recuperado parou.
Aproveitei a paragem e apliquei 2 toques fortes e secos, com o objectivo de, com um pouco de sorte, fazer a animal mudar de rumo, e correr para terra, em vez de ir forçando para fora, pois arriscava-me a suportar uma corrida que me tirasse a linha toda da bobine.
Esta "técnica" é uma aposta arriscada, uma amostra ou cabeçote mal ferrado, e as probabilidades o peixe se desferrar são altas, mas arrisquei.
Resultou.
O bicho mudou de rumo, e lentamente foi-se aproximando de terra, sentia-o mais cansado, mas sinceramente, eu também não estava melhor.
Na altura, por estranho que pareça, nem queria ficar com o peixe, tudo isso era secundário, o "apanhar" era algo que já não me importava, se pudesse pedir, pedia apenas uma coisa, vê-lo.
Ver o animal que me tinha levado ao limite, para que, mesmo que não o apanhasse, pudesse continuar a sonhar acordado por muito mais tempo.
Finalmente, acercou-se da margem, lentamente como um submarino de ataque que emerge, um vulto de prata assomou-se à superfície.
Era grande, era um "daqueles".
Mais uma descarga de adrenalina, mais uns minutos de taquicárdia.
Por fim, e com ajuda de muitas mãos e braços de amigos, encalhou-se o imponente animal.
Era o momento derradeiro, uma corrida desesperada, um afundar repentido, e a luta era ganha pelo meu adversário, mas quis o destino que eu tivesse sorte.
Tive a sorte de lhe por a mão na placa da guerla, de o pegar ao colo.
Levantá-lo? Não. Já não tinha forças para isso.
Uma bela corvina, e uma luta, que para mim, foi fenomenal.

O processo de alcançar esses objectivos, o planeamento, como diz o meu amigo Alexandre o "sonhar acordado", é das particularidades que mais gosto na pesca enquanto desporto.
Será que a amostra é a adequada? Será que a animação vai provocar uma ataque? A cor será eficaz? E a altura da maré? Haverá lá peixe? Entre tantos outros factores que nos fazem duvidar, ou acreditar, ter "Fé", que hoje vai ser o "Dia".
Numa noite quente e abafada de Verão, com a água espelhada, sem a mínima aragem, condições que me faziam acreditar que, talvez hoje, fosse uma noite boa.
Indo buscar ao banco de dados da memória toda a experiência prévia, a animação das amostras, a cor a usar, e aquele gozo enorme que para mim é criar a expectativa sobre o que irá acontecer.
Mas às vezes expectar não chega, e não prepara.
Anima lentamente um shad de vinil junto ao fundo, dando um toque de ponteira aleatório para o fazer subir, com uma recolha lenta, sentindo bem o relevo do fundo, parando, fazendo a amostra "tremer", na esperança que algum predador achasse a minha amostra uma presa ferida, digna de ser aniquilada.
Senti uma prisão. Esperei um segundo, ferrei, e depois....
Nada.
Preso? Parecia preso, mas passado alguns segundos a prisão começou a mexer-se muito lentamente, levando um metro de cada vez de linha, muito lentamente...como que uma força preguiçosa quisesse apenas passar a mensagem que se sentia ligeiramente incomodada.
Estranhei, sabia que provavelmente era um peixe de tamanho aceitável, pois pelo menos inicialmente não o conseguiria descolar do fundo.
Depois de meio minuto a passo de caracol...o Inferno desceu à Terra.
O peixe tinha entrado de numa zona de corrente e como se tivesse apercebido do bónus que a corrente lhe daria...dispara.
Eu já tinha tido peixes grandes a levar linha rapidamente, mas este, este era diferente.
O meu drag estava no ponto, não poderia apertar muito mais ou o Power Pro de 15 libras partir-se ia zangado sob tensão.
A linha esvaia-se do carreto a uma velocidade estonteante. Eu segurava-me à Gloomis, com a adrenalina a entrar em circulação, mas sem poder fazer grande coisa, sem ser esperar pacientemente por uma paragem.
Saiem 100 metros de linha...
200...
Começo a ver o caso muito, mas muito mal parado.
Quando a linha começava a escassear na bobine do Twinpower lá tive uma paragem, uma aberta para começar a bombear rápido, e recuperei alguns metros perdidos.
Este ciclo foi-se repetindo ao longo de vários longos minutos.
Corridas desenfreadas e imparáveis, cana dobrada até ao máximo que o seu blank permite, muita força aplicada, nas pausas, muito esforço físico para bombear e recuperar linha.
O tempo foi passando, a sudorese picava-me os olhos, o calor, a dor de braços, sensações que normalmente não associo à pesca.
Por fim o meu adversário, que até então me tinha feito pagar por cada metro de linha recuperado parou.
Aproveitei a paragem e apliquei 2 toques fortes e secos, com o objectivo de, com um pouco de sorte, fazer a animal mudar de rumo, e correr para terra, em vez de ir forçando para fora, pois arriscava-me a suportar uma corrida que me tirasse a linha toda da bobine.
Esta "técnica" é uma aposta arriscada, uma amostra ou cabeçote mal ferrado, e as probabilidades o peixe se desferrar são altas, mas arrisquei.
Resultou.
O bicho mudou de rumo, e lentamente foi-se aproximando de terra, sentia-o mais cansado, mas sinceramente, eu também não estava melhor.
Na altura, por estranho que pareça, nem queria ficar com o peixe, tudo isso era secundário, o "apanhar" era algo que já não me importava, se pudesse pedir, pedia apenas uma coisa, vê-lo.
Ver o animal que me tinha levado ao limite, para que, mesmo que não o apanhasse, pudesse continuar a sonhar acordado por muito mais tempo.
Finalmente, acercou-se da margem, lentamente como um submarino de ataque que emerge, um vulto de prata assomou-se à superfície.
Era grande, era um "daqueles".
Mais uma descarga de adrenalina, mais uns minutos de taquicárdia.
Por fim, e com ajuda de muitas mãos e braços de amigos, encalhou-se o imponente animal.
Era o momento derradeiro, uma corrida desesperada, um afundar repentido, e a luta era ganha pelo meu adversário, mas quis o destino que eu tivesse sorte.
Tive a sorte de lhe por a mão na placa da guerla, de o pegar ao colo.
Levantá-lo? Não. Já não tinha forças para isso.
Uma bela corvina, e uma luta, que para mim, foi fenomenal.
Senti-me pequeno, é um bonito animal, imponente e digno de respeito.
Em relação ao tamanho, mediu 1,67 metros e pesou 38 quilos.
Mas mais importante que tudo isso é a satisfação, de ver toda uma aprendizagem que comelou praticamente do zero ao longo de dois anos,a pescar especificamente a esta espécie.
Depois de alguns dissabores, erros e aprendizagens pelo meio, boas capturas, e peixes libertados, fui contemplado com uma senhora Regius.
Em relação ao material, foi o habitual:
Cana Gloomis SJR 783 MH 6'6''.
Shimano Twinpower 4000 FB.
Power Pro 15 libras Vermillion Red + Seaguar FXR 0,43 mm.
Amostra Berkley Powerbait Swimshad de 5" + cabeçote Storm Lip Weight de 15 gramas.
Uma luta de cerca de 40 minutos épica, e da qual provávelmente, não me esquecerei.
MAS denoto que não é o mais adequado para este tipo de peixes, em especial em sítios com muita estrutura!!!!
Lembram-se quando digo que somos recompensados pelo peixe que soltamos?
Cada vez mais acredito nessa máxima.
A Natureza recompensa-nos, e o esforço e dedicação também.
Para terminar em beleza, outro momento que me deixa imensamente feliz, ao fim de uma jornada de quatro anos, terminei hoje a Licenciatura em Enfermagem.
Venham as Férias! Que bem as mereço.
Até ao próximo lance! E quem sabe....senão será mais um momento para recordar?
Mas mais importante que tudo isso é a satisfação, de ver toda uma aprendizagem que comelou praticamente do zero ao longo de dois anos,a pescar especificamente a esta espécie.
Depois de alguns dissabores, erros e aprendizagens pelo meio, boas capturas, e peixes libertados, fui contemplado com uma senhora Regius.
Em relação ao material, foi o habitual:
Cana Gloomis SJR 783 MH 6'6''.
Shimano Twinpower 4000 FB.
Power Pro 15 libras Vermillion Red + Seaguar FXR 0,43 mm.
Amostra Berkley Powerbait Swimshad de 5" + cabeçote Storm Lip Weight de 15 gramas.
Uma luta de cerca de 40 minutos épica, e da qual provávelmente, não me esquecerei.
MAS denoto que não é o mais adequado para este tipo de peixes, em especial em sítios com muita estrutura!!!!
Lembram-se quando digo que somos recompensados pelo peixe que soltamos?
Cada vez mais acredito nessa máxima.
A Natureza recompensa-nos, e o esforço e dedicação também.
Para terminar em beleza, outro momento que me deixa imensamente feliz, ao fim de uma jornada de quatro anos, terminei hoje a Licenciatura em Enfermagem.
Venham as Férias! Que bem as mereço.
Até ao próximo lance! E quem sabe....senão será mais um momento para recordar?