quarta-feira, setembro 22, 2010

Casting Jigs - Simplicidade ao alcance de todos.

Com o Verão chegaram o calor e o aquecimento das águas, condições que ainda podemos aproveitar no ínicio do Outono.
Quando estes dois factores se reúnem ao longo da costa portuguesa ficam ao alcance dos pescadores de costa espécies de pequenos predadores marinhos, que normalmente nas outras alturas do ano são escassos ou de uma presença bastante irregular.
Espécies como a cavala, sarda, carapau, palmeta ou o sarrajão são alguns exemplos.





Muitas vezes creio que na busca dos grandes exemplares, sejam robalos ou outro predador, se esquece que a pesca deve ser acima de tudo divertida e simples.
Um método de pesca com amostras artificais simples e divertido consiste na utilização de amostras de metal denomiadas zagaias ou se utilizarmos termos anglo-saxónicos casting jigs.





Estas zagaias, contrastando com muitas utilizadas no jigging são mais leves e mais pequenas, sendo desenhadas para trabalhar nas diferentes capas de água (dependo da velocidade de recuperação) e não apenas à vertical, como a maioria das zagaias de jigging.
Para além disso são capazes de lançamentos extremamente longos.
Para este tipo de pesca, utilizo pesos até às 28 gramas, sendo os que utilizo mais vezes entre as 14 e as 21 gramas, o lançamento com este tipo de amostras, dado ao seu aerodinamismo, pequena dimensão e densidade, não é problema.
Em relação aos tamanhos, normalmente utilizo casting jigs no máximo até aos 10 centímetros.


Em relação à cana e carreto, a meu ver quanto mais leve melhor.
Lembre-se que o objectivo é a diversão e, em príncipio os pesqueiros serão sem grandes obstáculos.
Um carreto de tamanho 3000 (Shimano) ou 2500 (Daiwa) cheio de multifilar (por vezes 100 metros não chegam, os lançamentos com estas amostras são bastante longos) serão suficientes.
Para pescar aos pequenos predadores em portos e pontões, uma cana pequena de 2 metros, até aos 2,70 metros também servirá, o mais leve possível e com C.W. suficiente para lançar os casting jigs pretendidos.
Um bom multifilar até aos 0,15 mm de espessura e com uma baixada de flurocarbono de 0,30 mm também serão suficientes.
È verdade que por vezes poderão aparecer peixes mais possantes, como os sarrajões ou robalos, mas em princípio em zonas portuárias ou de paredão conseguirá dominar e cansar o peixe sem grandes problemas, no entanto o chalavar é sempre uma boa ajuda.




(Fotografia cortesia de Rui Duarte)

Apesar de não o parecerem à primeira vista, podem ser imprimidos várias tipos de animações aos casting jigs.
Podem ser lançadas para longe e se o fundo for de areia, deixar-se afundar até ao fundo, depois podem ser aplicados toques de ponteira à vertical, para que a zagaia suba e desça executando um movimento em "dentes de serra".
Os toques devem ser intercalados com pausas, pois muitas vezes os ataques dão-se quando enquanto a zagaia desce.




(Fotografia cortesia de Júlio André)

Também pode ser utilizada uma animação mais linear, de lançar e recolher, no entanto se dermos toques laterais de ponteira vamos aumentar o poder de atracção do casting jig, pois este vai virar bruscamente com os toques, mostrando os flancos e brilhando, atraindo assim os predadores.
Podemos ainda simplesmente lançar, recolher e pausar a recolha, muito ao estilo stop & go, obrigando assim o casting jig a parar e descer.
Em relação às cores, gosto de utilizar os azuis e verdes em águas muito cristalinas, e quando a água se apresenta um pouco mais tapada gosto de laranjas e brancos.
O rosa é uma cor com a qual tenho tipo bons resultados a qualquer altura do dia, assim como os metalizados/cromados.

É um tipo de pesca simples e que dá bons resultados, ideal para quem se inicia na pesca e ainda é "descrente", dando um grande gozo quando se tem um peixe ferrado, para além de se ter a possibilidade de apanhar vários exemplares num curto espaço de tempo.



(Fotografia cortesia de Ana Mesquita)


Aproveitem os dias bons enquanto duram e levem um amigo(a) a pescar.
Não se arrependerá, e quem sabe, arranjará uma nova companhia outras jornadas no Mar.

Bons lances, e acima de tudo, divirta-se!

domingo, setembro 12, 2010

Metal Jigs vintage renovados!

Estão prontas após uma pintura com spray acrílico.
Todos os casting jigs foram feitos (há muito tempo atrás, quando os dinossauros caminhavam na Terra) pelo Alexandre.
Eu aproveitei as relíquias e pintei.Colei uns olhinhos bem desalinhados, e amanhã irão à água.Veremos se os serras, sardas e cavalas gostam.
Gosto especialmente da de lombo azul, barriga branca e cabeça vermelha, acho que a pintura até está razoável.









Venham eles!

terça-feira, setembro 07, 2010

Corvina-legitima (Argyrosomus regius)




Eu e o Pedro Russo fizemos um texto para a revista Mundo da Pesca que foi dividido pelos meses de Julho e de Agosto e achamos por bem deixar aqui um excerto correspondente à parte que achamos mais significativa.

(A informação seguinte baseou-se em dados presentes no site Fishbase e em leituras efectuadas em vários sites de pesca, assim como através de conhecimentos partilhados em conversas informais com especialistas na área. A presença de alguma imprecisão aqui citada é da nossa total responsabilidade.)

A corvina-legitima é denominada cientificamente Argyrosomus regius, significando a expressão latina “peixe real de corpo prateado”. Esta espécie é capturada em Portugal há mais de 7000 anos atrás, existindo numerosos vestígios arqueológicos relativos à sua pesca, desde o Mesolítico.
Alguns estudos apontam para o facto de a corvina poder atingir os 100kg, outros referem como peso máximo os 50 kg. Tive recentemente, por exemplo, conhecimento de uma captura em Portugal de um exemplar com 62kg. Espécimes com pesos desta natureza podem rondar os 40 anos de idade (facto que merece veneração por parte dos pescadores, visto serem mais velhas do que o próprio ou mais velhas do que os seus filhos). Por exemplo, em contraste, uma sardinha raramente ultrapassa os 5-6 anos.
Um outro factor a destacar é o seu comprimento, que pode atingir os 2,3 metros, embora na nossa costa raramente ultrapassem o1,8 metros e 50kg.
O seu corpo é quase fusiforme e imponente, com a linha lateral bem marcada, cor de prata e a boca cor de laranja ou amarela. Em Itália são mesmo denominadas “ombrina boccadoro”, epíteto realmente elucidativo.
Distribuição: Senegal, até ao Canal da Mancha, passando pelo Mediterrâneo e Mar Negro.
É um peixe costeiro, mas pode ser encontrado a profundidades superiores a 100m.
Alimenta-se normalmente no fundo, fazendo parte da sua dieta lulas, chocos, crustáceos e outros peixes.
Uma outra característica é o som emitido, que se assemelha a um rosnar ou roncar. Estes sons são produzidos por músculos específicos localizados na região da barriga e elas utilizam-nos para comunicar entre si.
Na maior parte do ano, a diferenciação de sexos não é fácil. No entanto, na altura da reprodução, as fêmeas apresentam a barriga muito avermelhada e o ânus e a papila genital mais dilatados. Quanto aos machos, quando capturados, ao serem manipulados ou com uma ligeira pressão na zona da barriga, “ejaculam”.
Na nossa costa, a reprodução é feita nos estuários, mas para que tal aconteça tem que existir uma conjugação de vários factores ambientais. Se tal não suceder, pode não existir sobrevivência dos ovos e larvas, levando a que os juvenis, e depois os adultos, venham mais tarde a escassear nesses locais mas também noutros. O pico da reprodução ocorre nos meses de Maio e Junho, podendo prolongar-se pelo Verão. A seguir à desova, com a cavidade abdominal mais vazia e a necessitar de repor as suas energias, a sua voracidade aumenta exponencialmente, deslocando-se para águas mais costeiras. As pequenas, continuam a crescer no estuário durante o Verão, até aos primeiros frios e chuvas.
A medida mínima legal é 42cm. No entanto, estudos na costa portuguesa apontam para que a maioria dos indivíduos só se reproduzam a partir dos 70-80 cm.
Para que a partilha de conhecimentos de pesca tenha razão de existir, devemos defender determinadas posturas para que não corramos o risco de ficarmos só com os conhecimentos e não os conseguirmos praticar.
A redução de stocks de peixe é muito difícil ou impossível de imputar aos pescadores "lúdicos" ou desportivos, pois todos sabemos que as causas são outras, a poluição, a pesca profissional e a má gestão dos recursos. Contudo, não podemos apontar as baterias exclusivamente à poluição e aos profissionais, antes devemos ser críticos connosco próprios. De facto, ao apanharmos e retermos uma corvina adulta, são milhões de ovos que se perdem…e não apenas num ano, mas em todos os seguintes que ela poderia vir a viver e desovar.
Acredito que devemos respeitar os tamanhos mínimos e considero que algumas medidas deviam ser alteradas, para que as legais correspondessem efectivamente à idade reprodutora de cada espécie, aumentando as hipóteses de reprodução, e assegurando, assim, gerações futuras.
Neste momento, seria benéfico que cada um de nós, quando pescamos pequenos exemplares (tendo alguns o tamanho legal), pensássemos em libertá-los, ajudando a concretizar o sonho futuro de os podermos continuar a pescar e comer com moderação.
A corvina cresce rápido e isso explica o recente desenvolvimento da sua aquicultura. Um indivíduo com 42 cm (~700g) na Primavera pode ultrapassar os 60 cm no final do Outono (~2Kg). Compensa assim largamente deixar os mais pequenos escapar para os apanhar maiorzitos no final do ano.

Pescar, preservar e divulgar é o nosso lema, por isso acho que nada melhor do que repensar esta frase para terminar:

As corvinas já nos acompanham desde do Mesolítico, e você? Quantos mais anos as quer na nossa companhia?

quarta-feira, setembro 01, 2010

Foram 15 dias num dos "pedaços" do nosso País que mais gosto.
Saídas ao mar houve com fartura, os robalos colaboraram simpáticamente, apesar de tamanho modesto.
Sabe sempre bem poder pescar à superfície com boas condições.
Os maiores que me brindaram, como diz o meu amigo Carlos Lázaro, "fintaram-me bem".
Ainda bem, é o desafio que nos faz sentir vivos!
Aproveito para agradecer ao Carlos a sua amizade e disponibilidade!












Até houve direito a uma novidade pessoal a nível de capturas, um rascasso que se atirou a um senko branco.
Um rockfish em rockfishing.
Até ao próximo lance, e aproveitem o mar bom enquanto dura!








Pesca lúdica reconhecida pela UE

No passado dia 15 de maio o Comité das Pescas do Parlamento Europeu adoptou uma resolução convidando a Comissão Europeia a avaliar o papel ...