quarta-feira, dezembro 31, 2008

Balanço de 2008

O ano de 2008 está prestes a acabar. Em termos de pesca para mim foi um ano muito fraco...muito mesmo! Não apenas em termos de capturas, que foram bastante escassas, como também e muito especialmente no número de idas à pesca, que também foram muito poucas. Por diversos motivos de ordem pessoal e profissional ,2008 foi um ano bastante complicado para mim e isso acabou por se reflectir mais do que eu queria na minha pesca.

Mas mais importante do que o número de peixes ou o seu tamanho, continuei, mesmo assim, a poder ir pescar com amigos, a partilhar experiências, a conhecer novas amostras e novos materiais. Continuei a ser feliz junto ao mar!

2008 foi um ano ao mesmo tempo muito especial. Conheci novas pessoas e fiz novos e bons amigos. Verdadeiras surpresas nos tempos que correm. As amizades não se procuram, vêm ao nosso encontro quando menos esperamos e neste capítulo posso dizer que tive um ano muito sortudo!

Em termos desportivos participei também no Clássico Achigã 2008, na barragem do Alqueva, uma prova sensacional e que me deixou o bichinho ainda maior da pesca a este predador de água doce. Foi uma experiência sensacional que espero poder vir a repetir mais vezes.

Em termos gerais, 2008 foi para o spinning, em Portugal, um ano espectacular, cheio de coisas novas, notando um desenvolvimento da modalidade como até agora nunca se tinha visto. Um conjunto de iniciativas vieram demonstrar a grande vitalidade desta técnica, bem espelhada no aumento exponencial do número de praticantes. O ano de 2009 promete ser ainda de maior aprofundamento, já com projectos concretos aí a despontar que irão certamente dar que falar neste sector.

A todos os que me têm apoiado para continuar a escrever sobre pesca o meu muito sincero obrigado e o meu reconhecimento da importância que têm para mim todos os meus amigos. Espero continuar por aqui a "mandar umas bocas" sobre este vício de pescar que tanto adoro e me faz viver.

Um Bom Ano de 2009, com a concretização dos sonhos de cada um e bastantes idas à pesca sempre com o espírito de pescar e preservar!!!

domingo, dezembro 21, 2008

Jantar dos "Cromos do Spinning"

Os cromos do spinning juntaram-se para um jantar de Natal cheio de boa disposição. O grupo esteve bem composto e bem animado. Deixo aqui algumas fotos ilustrativas desses momentos onde a malta se entreteve a colar uns cromos dos "Cromos do Spinning", uma ideia do " Santo" Fazenda, que está sempre com estas ideias impecáveis. A iniciativa da caderneta foi espectacular e só foi possível concretizá-la porque o Boss é um gajo cinco estrelas... pareciamos todos uns putos... e isso sabe tão bem!!!

Foi realmente uma noite muito bem passada, falando de pesca, amostras, peixes e não só...muitas histórias, muitas "bocas", muitas "ameaças" (especialmente do "Puto Aranha") e algumas figuras...não tristes...mas verdadeiras figuras...











As figuras...





Foi uma bela noite. Assim mais uma vez se prova que pescar não é apenas apanhar peixe...também é poder participar nestes momentos e ter amigos como estes. A todos os que me deram o privilégio de estar convosco um Bom Natal e Feliz Ano Novo!

P.S. - Cada cromo destes teve direito a uma alcunha...

terça-feira, dezembro 16, 2008

Boas Festas


Amigos do spinning,

Estamos quase no Natal...essa época de esperança, alegria, convívio e solidariedade entre os homens. Tempo de família, tempo de partilha, tempo de ver o brilho nos olhos dos mais pequenos perante os presentes...tempo, para nós pescadores com amostras, de dizer que vamos dar mais umas prendas a nós próprios porque também merecemos...ou seja, comprar mais umas amostras ou mais uma cana, ou mais um carreto...isso mesmo apesar de já lá termos em casa mais material que algumas lojas.

Para nós maluqinhos da pesca com amostras, Natal é desejar que o Pai Natal, nos ponha no sapatinho aquele robalo ou achigã já com barbas, aquele que nos faz sonhar todo o ano e que nos leva ao mar ou à barragem em busca de momento de emoção na sua captura e muitas vezes na sua libertação.

A todos os meus amigos e para quem visita este blog desejo um FELIZ NATAL E UM BOM ANO NOVO!!!

terça-feira, novembro 18, 2008

Pescar com pouca água

As horas em que as marés não têm tanta água fazem com que muitos pesqueiros sejam, por vezes, negligenciados por alguns pescadores, que pensam que o peixe não anda por ali e não vale a pena correr o risco, sempre acrescido, de perder mais material. Na verdade, nos anos que já levo de pesca ao robalo tenho vindo a ganhar, cada vez mais, uma preferência em fazer as duas últimas horas da vazante e as duas primeiras da enchente em todos os pesqueiros que a isso são propícios. Estão aqui incluídos spots em praias de acesso através de zonas de pedras que ficam cobertas pela enchente, lagedos, zonas de caneiros ou zonas de pedra que entrem dentro do mar, apenas para dar alguns exemplos. Quando essas horas coincidem com o pôr-do-sol ou o início do dia ainda melhor.



Nestas horas ao desafio de pescar com pouca água alia-se a emoção de trabalhar o peixe em condições que nem sempre serão as mais favoráveis pela presença de pedras a descoberto, aumentando as possibilidades de uma eventual ruptura da linha por nelas roçar e a possibilidade de muitas vezes se conseguir detectar a presença dos robalos e os ataques que eles fazem às nossas amostras, geralmente quando pescamos à superfície.

Se é certo que iremos correr mais riscos de perder material também é verdade que muitas vezes os resultados que obtemos compensam largamente a perda de uma amostra, mesmo sabendo que são bastante caras. Quais são, então, na minha opinião as vantagens que podemos ter em pescar nestas condições:


1. Uma melhor observação e percepção do pesqueiro
Pescar nas horas de maré mais vazia permite, como é óbvio, uma observação mais detalhada da costa e naturalmente uma percepção muito maior do pesqueiro e dos diversos spots que o compõem. Torna-se possível detectar de uma forma muito mais precisa os caneiros, os fundões ou as pedras onde poderão estar os robalos e para onde iremos então lançar as amostras. Gosto especialmente de fazer esta observação nas marés de dia, aproveitando para testar algumas amostras, medir os lançamentos e guardar na memória alguns spots para os explorar de noite quando os robalos estão mais disponíveis para se aproximarem de terra e muito menos desconfiados. A pesca de noite é bastante intuitiva mas bastante mais produtiva se tiver o suporte da observação durante a luz do dia para evitar estarmos a pescar num spot que nos parece excelente mas que no dia seguinte vamos verificar que afinal não reunia as melhores condições.


2. Pescar em zonas inacessíveis com a maré cheia
A pesca nas horas de menor água permite também a exploração de determinados pesqueiros que com ficam cobertos de água com a maré mais cheia. Temos assim a possibilidade de ir lançar as nossas amostras onde normalmente não conseguimos pescar, zonas em que algumas vezes se faz a transição para águas mais fundas e onde os robalos poderão estar à espera de alimento fácil. É o caso das zonas de pedra ou lajedos que entram mar dentro. Tendo a certeza das horas das marés podemos então ir a alguns sítios com alguma segurança, pois esta nunca é de mais de realçar. Neste plano devemos sempre um plano para recuar, que nos permita voltar para trás de uma forma segura, pois muitas vezes estes pesqueiros encerram numerosas armadilhas que podem transformar uma jornada de pesca num episódio triste. Geralmente quando vou para um lajedo coloco-me num sítio onde possa recuar em linha recta sem grandes problemas e conforme a maré vai subindo também vou recuando. Quando a opção vai para zonas de pedra mais irregular tento sempre encontrar um plano mais estavel e perceber por onde posso recuar. A segurança nunca é demais e estas zonas ao mesmo tempo que podem proporcionar mais peixe também se podem tornar mais traiçoeiras.



3. Pescar em zonas com mais alimento
A pesca nestes caneiros, valas ou rochas durante as últimas horas da vazante e primeiras da enchente permite-nos capturar robalos mais activos que procuram alimento aproximando-se mais de terra em busca dos cabozes, camarões ou pequenos polvos. Com menos água há maior agitação e libertação de mais alimentos e as eventuais presas, ficam também, com menores hipóteses de fuga. É incrivel ver, muitas vezes, como conseguimos capturar robalos em meio metro de água e mesmo aos nossos pés!




4. Pescar com maior precisão
Pescar com menos água e com mais pedra a descoberto vai obrigar-nos a ser mais precisos em termos de lançamento e mais selectivos em termos de spots. Deixamos de nos preocupar apenas com o ganhar de metros, como geralmente acontece da praia, para passarmos a procurar colocar o nosso artifical num local específico, como seja um determinado caneiro ou um rebojo junto a uma pedra. Podem crer que isto faz toda a diferença e pode ser aquilo que nos fará trazer ou não peixe para casa em determinada jornada de pesca. Pescar nestas horas obriga-nos a apurar a técnica e a desenvolver um conjunto de sentidos e feelings importantes para animar as amostras e entender o meio em que irão evoluir. É o que acontece na pesca à superfície, técnica indicada para estas horas e para determinados pesqueiros. Como iremos pescar à vista temos de estar muito mais atentos não bastanto o simples movimento de recuperar e dar uns toques de ponteira como habitualmente fazemos com outras amostras que afundam.

5. Que amostras?
Esta é talvêz a pergunta mais frequente que oiço quando pesco nestes sítios na maré vazia: que amostra coloco para correr os menores riscos possíveis de a perder presa numa pedra? Se a pesca fôr à superfície a opção vai para as Sammy da LC ou para as Super Spook da Heddon. Amostras verdadeiramente incontornáveis para todos os amantes da pesca ao robalo na camada superficial de água. Quando não posso pescar à superfície (geralmente quando pesco de noite...como sabem a maioria das vezes) opto por amostras que afundem muito pouco, ou seja, entre os 30 e os 50 cm. São amostras de pala muito curta e estreita e geralmente de corpo afilado e longo. Neste segmento temos a incontornável Daiwa Saltiga Minnow, aquela com que geralmente começo sempre a pescar nestas zonas de pouca água, a nova Flat Swich 110 da LC, a Artist 130 da Jackson, a Tide Minnow da Duo,a Feed Shallow da Tackle House ou ainda a SW Minnow 130 F da Bassday, apenas para dar alguns exemplos.



Quando os pesqueiros, dão e com a maré a subir também podemos ir mudando as amostras para outras que afundem um pouco mais. A melhor forma de animar estas amostras é, muitas vezes, através de pequenos toques, ponteira ao alto, recuperações não muito rápidas, para evitar que afundem demasiado. Como as palas são muito discretas são amostras que, especialmente a Saltiga, nem sempre se conseguem sentir bem dentro de água. É uma questão de confiança e uma crença nas suas capacidades.


A pesca nestas condições de pouca água pode propiciar-nos momentos de grande prazer e emoção. Acreditem que trabalhar um bom exemplar assim é um espectáculo e é com esses momentos que iremos progredir na nossa constante aprendizagem de pesca. Respeitem sempre o peixe e libertem sempre que possível.

segunda-feira, outubro 27, 2008

Clássico de Achigã no Alqueva

Um video daquilo que foi o Clássico Achigã 2008 onde fiz equipa com o Xandre. Foi a minha primeira participação numa prova de pesca a este predador de água doce e foi uma experiência fantástica. É uma pesca que se complementa muito bem com a pesca no mar aos robalos, dando para aprimorar a técnica e a utilização de determinado tipo de amostras.

sexta-feira, outubro 17, 2008

Uma noite bem passada

Mais uma noite em que fomos à pesca. O resultado: uma grade colectiva mas complementada com um tempo muito bem passado na companhia de uma malta bem porreira. Ao todos eramos seis a lançar amostras para dentro de água: Peres, Xandre, P. Russo, C. Fazenda, M. Rodrigues e eu.






Deixei para o fim esta especial... apreciem!!!
Peixe nickles...mas foi uma reinação completa!!!

Um peixe com a Flat 110

Na sequência do post anterior deixo uma imagem de um robalo apanhado pelo meu amigo Xandre com uma LC Flat 110.


O peixe acusou 3 kg na balança e deu esta bela imagem. A amostra foi a Flat 110 Iwashi e a cana utilizada a ESG da LC.

quarta-feira, outubro 01, 2008

LC Flat 110

Apenas para partilhar convosco uma amostra que penso que poderá ter excelentes resultados entre nós: a Lucky Craft Flat 110, um jerkbait flutuante, com 11 cm e um peso de 12 g. Deixo aqui uma foto desta pequena matadora para que possam apreciar em mais pormenor a qualidade de construção e a beleza das cores.


No Japão existe já a versão 130 e posso dizer-vos que estou ansioso de pôr as mãos numa, pois acredito que irá ser um caso muito sério aqui nas nossas águas.

terça-feira, setembro 30, 2008

Mais uma sessão nocturna

Ontem a malta juntou-se para ir à pesca. O tempo estava apelativo, o mar também parecia convidar...depois viemos a comprovar que estava caído demais. O bichinho da pesca a levar-nos novamente para junto do mar e nós fracos como somos não resistimos a mais este apelo. Ainda por cima tinhamos mais um estreante nestas lides do spinnning... o que, tendo em conta, as últimas vezes que tinhamos ido à pesca, lhe dava boas possibilidades de apanhar um bom robalo.
Resultado final: um pequenote que atacou a minha Flash 110 com grande voracidade, conseguindo prender-se nas 3 fateixas. Depois de libertado, foi prontamente devolvido à água com todo o carinho para que possa crescer e dar uma alegria a um outro pescador.
O Pedro Russo foi o fotógrafo de serviço e desta vez não conseguiu impor as suas fantásticas técnicas de vinis.
O Fazenda não teve oportunidade de ferrar à sua maneira e o Joaquim, estreante nestas andanças deve estar a pensar ainda nos malucos que conheceu ontem à noite. É o que dá juntar esta malta amiga numa sessão de spinning!!!
Uma palavra final para esta técnica horizontal que tenho vindo a aplicar nas minhas jornadas de spinning...bolas estou mesmo a ficar velhote!!!
Bons robalos!

Pescas do Fim de Semana

Este fim de semana, depois de uma participação no Clássico Achigã 2008 no Alqueva e de um mês de Setembro dedicado à preparação dessa prova, voltei aos robalos. O mar colaborou e consegui ter uns créditos em casa para ir sexta, sábado e domingo. Depois de sexta e sábado a gradar, Domingo lá tive a minha recompensa e tirei um com 2.3 kg, quase na viragem da maré e em pouco mais de 50 cm de água. A técnica foi o spinning, com uma recuperação quase linear (devido à pouca altura de água) intercalada com ligeiros toques de ponteira, mas com a cana ao alto. A amostra uma Laser Sardine bem velhinha, mas que me continua a ir dando uns bons exemplares de vez em quando.


Foi espectacular pela luta que deu e pela adrenalina que me provocou. Este ano tenho pescado pouco e nas vezes que tenho ido eles nem têm querido colaborar comigo. Este valeu bem o fim de semana! Boas pescas e não se esqueçam de libertar sempre que puderem!

terça-feira, setembro 02, 2008

Robalo abençoado

Este é um post para mostrar o "robalo abençoado" do meu amigo Carlos, tirado ao spinning. O bicho mordeu logo ao segundo lançamento e provocou uma boa descarga de adrenalina ao pescador que mesmo assim o trabalhou com mestria para o trazer para terra.

Marcou na balança 1940 g e fica a foto a documentar aquele momento mágico. Eu tirei também um, com mais 20 g, o que me permitiu evitar as "bocas" do Carlinhos. Não queria ele ir aos meus sítios e apanhar um peixe maior... parabéns amigo bem mereces!

quarta-feira, agosto 27, 2008

A magia da pesca

Porque a pesca não se faz apenas de técnicas e materiais, de cores e tamanhos ou de pesqueiros e fases da lua, apeteceu-me escrever sobre a “magia da pesca”, aquilo que leva tantos milhares de pessoas a irem pescar. Com mais ou menos experiência, todos nós somos alimentados por uma vontade, muitas vezes quase irresistivel, de ir para junto do mar. È sobre essa vontade e aquilo que ela representa para mim que vou escrever neste post.


A nostalgia

É comum ouvir dizer-se a muitos pescadores que pescam desde pequenos e começaram a pescar com o pai ou o avô. Desde essa altura foram evoluindo nas diversas modalidades que escolheram mas nunca, pela experiência que tenho, abandonam os ensinamentos que receberam nessa altura. Esse elemento nostálgico que, em muitos de nós alimenta o gosto pelo mar, vai perdurar para sempre e acabará, em muitos casos, por ser transmitido aos nossos filhos. A pesca é um elo entre gerações, um elo que fortalece quem dele pode beneficiar e um momento de partilha tão importante. Os sítios onde pescamos na nossa infância e as pequenas imagens que ficamos dos nossos pais a partilhar os seus conhecimentos são, estou certo, para sempre recordados independentemente da nossa idade. Um filho não esquece as pescarias ou os passeios de barco com o pai que lhe deram o gosto pelo mar. Esta nostalgia com que recordamos estes momentos será então a base da magia da pesca, o primeiro elemento sobre o qual todos os outros se irão fundir.


A aprendizagem

Um segundo elemento que contribui para a magia da pesca é a constante aprendizagem que devemos ter ao longo da nossa vida de pescador. Mal daquele que pensa que já sabe tudo e não acha necessário mudar nada quando vai à pesca. O que aprendemos todos os dias com os mais experientes e mesmo com aqueles que ainda não o são serão fundamentais para conseguirmos dar a volta às situações de maior dificuldade na pesca. Todas as modalidades evoluiram para responder às maiores exigências dos praticantes e à cada vez maior escassez de peixe e pressão que o mesmo acaba por sofrer pelo maior número de praticantes. Ao aprender a utilizar novos materiais e novas técnicas o pescador vai crescendo de entusiasmo e aplicação. Acaba por ser viciante a procura pela melhor montagem ou pela melhor forma de trabalhar uma amostra de forma a atrair o peixe mais dificil ou contornar a dificuldade encontrada no pesqueiro em determinado dia. Na pesca não há verdades absolutas e devemos sempre aprender com os pormenores e situações que vamos encontrando. Pensar a pesca é fundamental nos dias que correm.


A fuga

Muitas vezes em que vou à pesca e não apanho nada costumo dizer que pelo menos valeu a pena pelo vento e os salpicos de mar na cara. Que vale a pena pelas paisagens e pela paz de espirito que encontro quando estou junto ao mar. Que vale a pena pela exaltação dos meus sentidos quando pesco de noite no meio do escuro e me guio pelas estrelas e pela luz da lua. Que vale a pena pela comunhão com uma natureza que nos permite disfrutar dela mas que também nos impõe respeito. Quando vou à pesca não procuro apenas apanhar peixe mas sim encontrar-me comigo próprio, aproveitando aqueles momentos para limpar a cabeça do stress do dia a dia. Todos nós que adoramos a pesca sabemos o bom que é chegar à praia e começar a pescar depois de um dia de trabalho mais intenso. Esta fuga que a pesca permite é, na minha opinião, outro dos elementos que contribuem para a magia da pesca.

O peixe

A função básica de ir à pesca é apanhar peixe. Todos nós gostamos de apanhar peixe pois isso será o sinal de que tivemos sucesso na aplicação de todos os conhecimentos que fomos adquirindo. Quem não gosta de trazer o peixe para casa e disfrutar dele em família ou entre amigos. Sabe mesmo bem. Mas ao termos por objectivo apanhar peixe também devemos aprender a respeita-lo e a respeitar o mar que nos permite pescar. O acto de libertar um peixe por não ter medida ou por estar ovado é algo que nos deve encher de orgulho e não ser visto de forma recriminatória. Saber que somos capazes de chegar junto da imensão que é o mar e apanhar um peixe é algo de mágico capaz de levar, desde o mais jovem ao mais velho, a pescar.


O sonho

Cada pescador tem sempre um sonho. Todos nós sonhamos com algo quando vamos à pesca. Seja por apanhar um grande exemplar ou seja por fazer uma grande pesca apostando na quantidade. O meu sonho é apanhar um grande exemplar. Um daqueles peixes que transforme uma jornada de pesca numa história para ser para sempre recordada. Um peixe que se transforme numa foto que ficará para sempre a marcar aquele momento. É este sonho que nos movimenta, que nos leva a ir pescar. E é um sonho que é possível de concretizar. Nada é impossível na vida e todos nós somos capazes de nos superar bastando ter para isso vontade de alcançar aquilo que queremos. Também na pesca acaba por ser assim... se é certo que por vezes existem verdadeiros momentos de sorte que se tornam mágicos para quem deles beneficiou também não é menos verdade que aqueles pescadores que geralmente consideramos bafejados pela sorte, aqueles que apanham sempre mais, são também aqueles que mais trabalham ou que mais procuram aprender.

Tudo isto é para mim a magia da pesca. O sonho de apanhar um peixe ou de ir pescar a determinado pesqueiro. A recordação de um peixe apanhado ou a partilha de um momento com alguem. Um crescimento constante como pescador e um maior respeito pela natureza. Apesar de ser importante apanhar peixe, a pesca não se resume a isso. Bem antes pelo contrário. E se conseguirmos pescar com coração e com feeling iremos sempre retirar prazer dessa magia que é ir à pesca.


Este post é uma pequena homenagem ao meu pai, um grande pescador que partiu para outros mares. Descansa em paz Pai...


terça-feira, agosto 05, 2008

O buldo ainda mexe

Volto hoje a falar de uma modalidade de que muito gosto: o buldo. Foi com ela que me iniciei na pesca ao robalo e foi com ela que tive as minhas primeiras grandes alegrias com boas capturas. O mundo mágico das pequenas amostras de borracha ainda tem muito para descobrir e muito para dar a todos os que procuram os robalos e as bailas por essas praias fora. De Norte a Sul de Portugal, com adaptações e cores próprias de cada região, os tradicionais pingalins, as raglous, as redgill ou as eddystone são amostras muito produtivas em determinados momentos, permitindo melhores capturas mesmo em comparação com as amostras duras tradicionalmente utilizadas no spinning.


O que nos pode então levar a optar pelo buldo, por exemplo em detrimento do spinning? É a essa pergunta que procurarei responder neste artigo, abordando alguns pontos baseados na experiência que tenho vindo a adquirir ao longo destes anos todos de pesca, através da observação de comportamentos dos robalos perante situações semelhantes e na troca de informações e conhecimentos com outros amigos pescadores. Na minha opinião, aquilo que nos poderá levar a escolher o buldo em detrimento do spinning quando vamos à pesca, depende da análise de um conjunto de factores, uns relacionados com o peixe, outros relacionados com as condições climatéricas e estado do mar e outros ainda relacionados com o próprio pescador e as suas preferências.

Robalo e época em que pescamos
Aqui englobaria tudo aquilo que diz respeito ao robalo e à época do ano em que o vamos pescar. Apesar do buldo poder ser utilizado todo o ano (tal como o spinning) existe uma época que considero ser excelente para a sua utilização e que é a Primavera, ou se preferirem, o período logo após o período da desova. Se é certo que não é impossível apanhar peixe com amostras duras a verdade é que me parece que os robalos entram melhor nas pequenas amostras de borracha, talvez por se aproximarem mais do tamanho das presas que eles encontram nesta altura do ano quando a petinga e o pequeno carapau abundam na costa. É por isto mesmo que tecnicamente se defende que no princípio da época de pesca ao robalo (se a entendermos desde o fim da desova) se deve optar por amostras mais pequenas no spinning, mas isso levanta-nos o problema de as lançar, pois sabemos que a nossa costa é bastante afectada pelo vento.
Nesta altura, em que o mar tem tendência a tornar-se mais lento, a bóia de água ou o buldo são boas opções, tanto mais que muitas vezes os robalos andam a caçar à superfície no meio dos cardumes de petinga. A passagem dos pingalins ou raglous torna-se quase irresistível e são habituais histórias de grandes capturas nesta altura. As cores mais habituais são os verdes ou os azuis, cores mais discretas ideais para dias de maior luz e águas mais abertas. Durante o Inverno também podemos utilizar esta técnica mas preferencialmente com uma chumbadinha, sendo que o seu peso e forma irão variar de acordo com a zona onde iremos pescar e o próprio estado do mar. Para esses meses mais frios aconselho cores mais escuras para as amostras, verdes azeitona, vermelhos, laranjas e até pretos.

Factores climatéricos e de pesqueiro
É muito habitual na nossa costa chegar para ir à pesca e ver que o mar está mais forte do que se esperava, com mais corrente ou vaga, ou que o vento sopra de frente ou que está a tradicional nortada. Ou então quando chegamos a arriba vemos uma coroa fantástica ainda um pouco longe da praia. Perante todos estes cenários a opção pelo spinning revelar-se-ia, muito provavelmente, como condenada ao fracasso, pois apesar da grande evolução das canas que utilizamos nessa técnica, o pouco peso das amostras não permite geralmente contornar com eficácia as dificuldades climatéricas. Assim a opção seria pelo buldo, o que nos permitiria ir pescar na mesma e pensar que poderíamos ter sucesso na abordagem do pesqueiro à nossa frente. Perante um mar mais forte ou com mais corrente poderíamos então optar por uma chumbadinha, jogando depois com a velocidade de recuperação para trazer a amostra mais acima ou mais abaixo na camada de água. As vagas, desde que não muito fortes, são excelentes aliadas do pescador de buldo.
A espuma permite aos robalos passarem mais despercebidos quando caçam à superfície e são sempre sinónimo de águas mais mexidas e oxigenadas. Os robalos têm uma predilecção para caçar nessas zonas, geralmente na ressaca das ondas, perto da superfície, dando assim grande vantagem às nossas montagens com bóia de água. Gosto especialmente de aproveitar o efeito de “sucção” que a onda exerce na bóia, puxando-a para dentro, para parar de recolher e apenas ir esticando a linha ao levantar a cana até uma posição horizontal. Muitos pescadores começam a recuperar mais depressa nestes momentos…acho que não o devem fazer pois os robalos atacam muitas vezes naquele ultimo momento antes da onda desfazer-se. Deixem lá ficar a amostra e experimentem. Quando encontramos um pesqueiro com uma coroa longe ou uma situação em que conseguimos ver os robalos nas ondas a uma certa distância, o buldo torna-se também uma boa opção tal como referi antes. Só com os buldos ou as chumbadas conseguiremos atingir essas distâncias e tentar assim apanhar uns robalos.

Preferências do pescador
Depois de tudo o que escrevi atrás resta-me dizer-vos que é muito difícil ter o melhor de dois mundos. Como conseguir escolher a melhor técnica e evitar aquela sensação tão agreste de ir para casa a pensar “bolas, devia ter ido antes ao spinning, teria apanhado peixe e assim gradei” ou “trouxe este material tão ligeiro e agora não consigo alcançar aquele sítio porque está muito vento…devia ter trazido a cana de buldo”? Acho sinceramente que não se consegue…eu próprio tenho esse tipo de pensamentos muitas vezes. Confesso que cada vez mais pesco ao spinning e menos com o buldo, mas não porque ache que apanhe mais peixe assim…é apenas uma questão de gosto. As sensações do spinning são diferentes…gosto de ir leve para a pesca, de sentir que com aquela caninha que provoca tanto espanto consigo lutar com um bom peixe e traze-lo até mim…mesmo que depois o venha a libertar novamente nas ondas.

Cada um de nós tem o seu próprio gosto e a sua forma de encarar a pesca e a “luta” com o peixe. Ultimamente tem sido comum ver pescadores a levarem as duas canas para a praia, uma de buldo e outra de spinning e consoante saia um peixe numa dessas modalidades vão trocar de cana. Também já fiz isso…mas acabo sempre por utilizar apenas uma e geralmente a de spinning ficando com a sensação de ir carregado de mais para nada. O buldo é também uma pesca muito mais barata do que o spinning e isso certamente é um factor importante para todos nós…é muito diferente perder uma amostra de 50 cêntimos ou um euro do que uma outra de 16 €.

Boas pescas a todos

Pesca lúdica reconhecida pela UE

No passado dia 15 de maio o Comité das Pescas do Parlamento Europeu adoptou uma resolução convidando a Comissão Europeia a avaliar o papel ...